Aplicação ajuda agricultores a otimizarem água e colheitas

A Universidade do Minho (UM) está a coordenar o projeto europeu “Climalert”, uma ferramenta que alerta o agricultor sobre mudanças climáticas, ajudando-o a otimizar a irrigação das culturas e a antecipar ou adiar colheitas.

A aplicação de telemóvel, atualmente em fase de testes, “permite de forma simples e gráfica que o agricultor registe e analise tendências do estado da sua cultura e da produtividade ou avalie ciclos de temperatura, precipitação e intempéries”, lê-se em comunicado divulgado.

Para além desta aplicação, está a ser desenvolvida uma plataforma web de suporte à tomada de decisão no setor da água, de modo a planear cenários de exploração agrícola e uso hídrico a médio e longo prazo. “Quem decide e investe, vê assim as probabilidades mais benéficas para o meio ambiente e para o seu negócio”, salientou a instituição.

O projeto vai ser apresentado no festival nacional de sustentabilidade Greenfest, no dia 25 de setembro, pelas 16h15, no Mosteiro de Tibães, em Braga.

“Climalert”, que é coordenado pelo Centro de Biologia Molecular e Ambiental da UM, junta parceiros de Portugal, Espanha e Alemanha e conta com 845 mil euros da União Europeia até 2021.

“Útil” para dirigentes ambientais

“Estamos a casar os interesses dos setores da agricultura e dos recursos hídricos, o que é difícil, pois a água é muito utilizada na agricultura, mas por vezes devolvida aos ecossistemas de forma contaminada”, disse a coordenadora do “Climalert”, Cláudia Pascoal.

A investigadora do CBMA e professora na Escola de Ciências da UM espera reduzir riscos e vulnerabilidades daqueles dois setores. “Este projeto é valioso, pois promove a sustentabilidade com benefícios económicos para agricultores e para os gestores ambientais, que têm que gerir as bacias hidrográficas tendo em conta as alterações climáticas”.

A ferramenta “Climalert” foi criada na UM, através dos centros de investigação CBMA, Algoritmi e de Sistemas Microeletromecânicos, e estão a ser testadas por stakeholders nos três países do consórcio. A ideia é perceber, por exemplo, “o estado de secura do solo, o acesso a indicadores de água na planta e na atmosfera ou o stock de água nos rios a albufeiras”.

Através destas aplicações, o agricultor pode antecipar um evento climático em uma ou duas semanas, antecipar ou adiar uma colheita e otimizar o seu sistema de irrigação.

“O utilizador fica mais bem preparado para decisões que privilegiem a sustentabilidade do sistema produtivo e do ecossistema, com claras vantagens financeiras”, reforçou Cláudia Pascoal.

O “Climalert”, acrónimo de Climate Alert Smart System for Sustainable Water and Agriculture, envolve ainda o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o Instituto Catalão de Investigação da Água (Espanha) e o Centro de Investigação Ambiental Helmholtz (Alemanha).

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