Gado gera 66% das emissões com efeito estufa do setor agrícola
O gado gera dois terços das emissões de gases com efeito estufa do setor agrícola, que, juntamente com a silvicultura e outros usos do solo, é responsável por 22% destes gases, afirmou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Num relatório agora publicado, que analisa dados dos 48 países Estados-membros e 11 grandes economias emergentes, a OCDE explica que o metano produzido pelos ruminantes através da fermentação da sua digestão representa por si só 42 por cento das emissões de gases com efeito de estufa da agricultura.
O estrume contribui com oito por cento, tanto em termos de metano como de óxido nitroso, a que se deve acrescentar o impacto da sua deposição na terra.
Além do gado, a cultura do arroz é responsável por 11 por cento das emissões agrícolas nos 54 países estudados.
Em termos absolutos, os países que mais contribuem para o aquecimento global através da sua agricultura são a Índia (com cerca de 750 milhões de toneladas de equivalente a dióxido de carbono por ano), a China (com cerca de 700 milhões de toneladas) e os Estados Unidos (com cerca de 650 milhões de toneladas).
Em quarto lugar está o Brasil, com cerca de 550 milhões de toneladas, e em quinto lugar está o bloco dos 27 países da União Europeia (UE) com cerca de 400 milhões de toneladas.
Ao analisar as emissões provocadas por cada dólar obtido pela produção agrícola, o principal poluidor é o Brasil, seguido pelo Cazaquistão, Filipinas, Islândia, Argentina, Nova Zelândia, México, Estados Unidos e Índia.
Esta classificação é explicada, em particular, pela importância da criação de ruminantes nestes países, ou por certos tipos de culturas que produzem grandes quantidades de gases com efeito de estufa, especialmente arroz.
A UE tem uma intensidade de emissões que é quase quatro vezes inferior à do Brasil.
O apoio ao setor agrícola no período 2019-2021 totalizou 817 mil milhões de dólares por ano nos países abrangidos pelo estudo, um aumento de 13 por cento em relação ao triénio precedente.
A OCDE observou que este aumento é parcialmente explicado por fatores pontuais ligados às políticas públicas a favor dos consumidores e dos produtores durante a crise da pandemia.
Do total do apoio, 500 mil milhões corresponderam a subsídios públicos e o restante foi transferido através de aumentos de preços.
Em termos nominais, a ajuda à agricultura multiplicou-se por 2,4 desde 2000-2002, mas ao mesmo tempo o valor da produção do setor multiplicou-se por 3,3. Por outras palavras, o peso relativo da ajuda diminuiu ao longo destas duas décadas.
De facto, enquanto no período 2019-2021 representaram 0,63 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados analisados, em 2000-2002 tinham representado um por cento.
Nos países da OCDE, essa ajuda representou 346 mil milhões de dólares por ano em 2019-2021, sendo os EUA e a UE responsáveis por dois terços deste montante.
Na UE a ajuda representava 0,65 por cento do PIB (contra 1,04 por cento em 2000-2002), enquanto nos Estados Unidos pesavam 0,52 por cento (contra 0,65 por cento duas décadas antes).
Fora do bloco dos países desenvolvidos, nas outras onze economias emergentes, o setor agrícola recebeu uma injeção de 464 mil milhões de dólares por ano no triénio 2019-2021, 60 por cento dos quais foram para a China.
Na China, o apoio agrícola representou 1,8 por cento do PIB nos últimos três anos.
A OCDE organiza nos próximos dias 3 e 4 de novembro uma reunião ministerial na qual, além dos seus membros, participarão outros países parceiros, dedicada aos desafios para construir um setor sustentável.
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