Análise do ciclo de vida como ferramenta de apoio para a conceção de produtos mais sustentáveis
- 17 novembro 2025, segunda-feira
- Gestão

A fase de conceção de um produto é largamente reconhecida como a mais crítica, podendo ser responsável por 80 % do impacte ambiental no respetivo ciclo de vida.
Em virtude desta realidade, o novo Plano de Ação para a Economia Circular (PAEC 2, 2020) prioriza uma abordagem mais integrada em relação ao ciclo de vida dos produtos, reforçando a importância da fase de conceção e das respetivas medidas para assegurar a sustentabilidade e a circularidade ao longo de todo o ciclo de vida, e não apenas na fase final, quando se transformam em resíduos ou emissões. A importância atribuída à fase de conceção reflete-se também na crescente exigência de muitos programas de financiamento europeus e nacionais, destinados a projetos de investigação e inovação de novos processos ou produtos, que exigem complementarmente uma avaliação do desempenho ambiental. Esta avaliação requer a colaboração de equipas multidisciplinares, compostas por especialistas das áreas científicas diretamente relacionadas com os processos e produtos, bem como profissionais da área das ciências e engenharia do ambiente, que são essenciais para a avaliação dos impactes ambientais ao longo do ciclo de vida dos produtos.
Neste contexto, a Análise de Ciclo de Vida (ACV) é uma das ferramentas mais utilizadas para avaliar o desempenho ambiental de produtos. Regulamentada pelas normas internacionais ISO 14040 e ISO 14044, a ACV quantifica os impactes ambientais de um produto, processo ou serviço, desde a extração das matérias-primas até ao seu destino. Este processo de avaliação envolve quatro fases principais: a definição do objetivo e âmbito, a análise de inventário de ciclo de vida (ICV), a avaliação de impacte do ciclo de vida (AICV) e a interpretação dos resultados. Para além de ser uma ferramenta de avaliação, a utilização da ACV logo na fase de conceção dos produtos, por possibilitar a identificação das etapas do ciclo de vida que irão apresentar os maiores impactes ambientais, atua também como um instrumento que permite reorientar a investigação para a conceção mais sustentável. (...)
Autor Naiara Casagrande
Doutorada em Ambiente e Sustentabilidade,
Investigadora do MARE - Centro do Mar e Ambiente, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa
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