Garantir o acesso a fontes de energia fiáveis, sustentáveis e modernas para todos

O contributo do setor florestal

Garantir o acesso a fontes de energia fiáveis, sustentáveis e modernas para todos, constitui um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos em 2015 pelas Nações Unidas na Agenda de Ação para o Desenvolvimento Sustentável 2030 e os recursos florestais desempenham um papel fundamental no sucesso desta Agenda (FAO, 2018).

Entre muitas das suas valências, a floresta constitui um gigantesco reservatório energético: a nível mundial, metade da produção anual de madeira (1 860 milhões de m3) é utilizada para fins energéticos e 40% da totalidade da energia renovável produzida provém da biomassa florestal – o mesmo que as fontes eólicas, hídricas e solar juntas (FAO, 2017). E no caso português os números também são relevantes: o volume de madeira em crescimento da floresta portuguesa (185 milhões de m3, equivalente a 50 M tep) corresponde a 2,2 anos de consumo de energia primária do país (22,5 M tep em 2017).

Estes indicadores dão uma medida da importância das florestas e do setor florestal no aprovisionamento em energia quer das comunidades rurais dos países em desenvolvimento, quer das sociedades mais sofisticadas e modernizadas tecnologicamente do primeiro mundo. A biomassa florestal constitui uma das principais fontes de energia atualmente utilizadas em Portugal e é, dentre as fontes de energia renovável endógenas, aquela mais facilmente mobilizável em qualquer período do ano – facto reconhecido no Conceito Estratégico de Defesa Nacional (Resolução do Conselho de Ministros n.º 19/2013, de 5 de abril), nomeadamente quanto à garantia da autonomia energética nacional em períodos críticos.

Face aos compromissos internacionais assumidos por Portugal no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e, igualmente, aos desafios territoriais que os incêndios das últimas décadas colocaram na ordem do dia – como criar e manter paisagens rurais resistentes e resilientes ao fogo e que, em simultâneo, possam oferecer possibilidades de desenvolvimento económico e de fixação de pessoas e empresas, em especial nas regiões mais deprimidas do interior - a vertente energética das florestas merece ser revisitada face ao seu passado, presente e futuro.

João Pinho, Cristina Santos

Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas

Artigo publicado na edição nº116 da IA

Newsletter Indústria e Ambiente

Receba quinzenalmente, de forma gratuita, todas as novidades e eventos sobre Engenharia e Gestão do Ambiente.


Ao subscrever a newsletter noticiosa, está também a aceitar receber um máximo de 6 newsletters publicitárias por ano. Esta é a forma de financiarmos este serviço.