O que está Portugal a fazer para mitigar as emissões da mobilidade urbana?

Fotografia: Aleksandr Popov_Unsplash

A mobilidade é fundamental para os cidadãos e para a economia, pois garante, a pessoas e agentes económicos e sociais, o acesso a todos os serviços, bens e atividades. Utilizo o termo “mobilidade” em vez de “transportes” porque é importante realçar que as deslocações implicam cadeias multimodais que podem (e devem!), em determinados contextos, incluir modos não motorizados. Os sistemas de mobilidade devem ser eficazes, eficientes e sustentáveis, assumindo a sustentabilidade ambiental particular relevância dado o forte impacto negativo dos transportes motorizados, em particular nas emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE), e os compromissos assumidos para as reduzir após a entrada em vigor do Acordo de Paris, em 2016. A UE comprometeu-se com a redução das emissões de GEE em 55 %, em comparação com 1990, até 2030 e para atingir este limite as emissões do setor dos transportes são as que mais desafios colocam, por serem das mais significativas e as mais difíceis de conter. 

No caso concreto de Portugal, o país foi o primeiro, em 2016, a comprometer-se em atingir a neutralidade carbónica em 2050, e a Lei de Bases do Clima propõe antecipar essa meta para 2045. O último Inventário Nacional de Emissões, de abril de 2023, demonstra que as emissões totais de GEE, em 2021, decresceram 5,1 % face a 1990, 34,8 % face a 2005 e 2,8 % relativamente a 2020, respetivamente. Contudo, no setor dos transportes (Figura 1), dominado pelo tráfego rodoviário, o mesmo relatório mostra as emissões a aumentarem 47 % entre 1990 e 2021, tendo representado neste ano 28,2 % do total de emissões nacionais, e sendo as que mais cresceram. Se considerarmos a variação face a 2005, observa-se uma diminuição de 20 % das emissões do setor dos transportes, em linha com as metas definidas no Plano Nacional Energia e Clima 2030. Mas não podemos esquecer que os anos de 2020 e de 2021 foram marcados pela pandemia de Covid-19, cujas medidas restritivas impactaram fortemente a deslocação de pessoas e de bens. De 2020 para 2021, com a progressiva retoma da atividade económica, voltou a haver um crescimento acentuado, de 7,3 %, das emissões do setor, o maior crescimento entre todos os setores considerados. (...)

Por Luis N. Filipe, engenheiro do Ambiente e mestre em Transportes

Artigo completo na Indústria e Ambiente nº144 jan/fev 2024, dedicada ao tema 'A COP e as alterações climáticas'

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