Energia limpa pode representar até 85% da produção global até 2050

  • 06 fevereiro 2024, terça-feira
  • Energia

Fotografia: Freepik

A energia limpa poderá representar até 85 por cento da produção global de eletricidade até 2050 quando os obstáculos à transição energética forem ultrapassados, aponta um estudo da McKinsey.

De acordo com as conclusões do “Global Energy Perspetive 2023” da McKinsey & Company, “os obstáculos relacionados com a disponibilidade de terrenos, as infraestruturas energéticas, a capacidade de produção e a mão de obra, a acessibilidade para os consumidores, a disponibilidade de investimento, a disponibilidade de materiais, entre outros, podem atrasar a transição energética numa altura em que a implementação de tecnologias de energia limpa tem de ocorrer a um ritmo cinco vezes superior ao atual para se atingirem os compromissos de zero emissões líquidas”.

Contudo, refere, “quando os obstáculos forem ultrapassados, a energia limpa poderá representar até 85 por cento da produção global de eletricidade até 2050 num cenário de ‘Compromissos Cumpridos’”.

O estudo destaca ainda que “as tecnologias com uma previsão de crescimento mais rápido são as mais vulneráveis aos ‘bottlenecks’ [estrangulamentos], em particular a energia eólica e solar, os veículos elétricos, o hidrogénio verde e as bombas de calor”.

Destas, espera-se que a energia eólica, os veículos elétricos e o hidrogénio verde sejam “afetados de forma mais crítica, com uma potencial escassez de 20 a 50 por cento para os eletrolisadores”, percentagem que aumenta para “mais de 50 por cento para alguns materiais utilizados nos ímanes da energia eólica”.

O documento projeta ainda um aumento de 330 por cento na procura de lítio para baterias até 2030.

O relatório da McKinsey demonstra que “ultrapassar os obstáculos tecnológicos da transição energética com materiais substitutos, inovação, construção de infraestrutura e regulamentação será crucial para atingir as metas ‘net-zero’”, que visam limitar o aquecimento global abaixo dos 2°C (centígrados) acima dos níveis pré-industriais e prosseguir os esforços para conter o aumento da temperatura nos 1,5°C, em linha com o Acordo de Paris.

Sustentando que o consumo global de energia será moldado pela velocidade da eletrificação da indústria, o estudo antecipa que, até 2050, o consumo global de energia pode diminuir até seis por cento face a 2022 num cenário de “Compromissos Cumpridos”, uma vez que a eletrificação de diferentes setores resulta num menor consumo de energia.

Num cenário de abrandamento, o consumo de energia cresceria 24 por cento no mesmo período se a eletrificação abrandasse.

A eletricidade e o hidrogénio são apontados como “os vetores de energia com crescimento mais rápido dentro do ‘mix’ energético”, aumentando de 21 por cento da procura de energia em 2022 para 58 por cento no cenário de “Compromissos Cumpridos” e 33 por cento no cenário de abrandamento em 2050. Já os combustíveis fósseis, que representavam 64 por cento da procura de energia em 2022, cairiam para 28 e 54 por cento nos respetivos cenários.

Relativamente à transição dos combustíveis fósseis, o estudo mostra que o crescimento total agregado começou a abrandar e que se espera que a procura comece a diminuir nos próximos dois a sete anos em todos os cenários.

Já quanto à procura de hidrogénio, o relatório prevê que aumente duas a cinco vezes até 2050 em todos os cenários, já que o crescimento provém de indústrias tradicionais que consomem hidrogénio, como a química e a refinação. Em cenários de transição mais rápida, prevê-se também um forte crescimento em indústrias completamente novas, como a dos camiões pesados, a de calor industrial ou a do ferro e aço.

O estudo da McKinsey avança ainda que o total de investimentos anuais no setor da energia em geral deverá crescer dois a quatro por cento ao ano – praticamente em linha com o crescimento do Produto Interno Bruto global – para atingir entre dois e 3,2 biliões de dólares em 2040.

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