A urgência do utilizador-pagador e da eficiência

FOTO RAVIOLI/ UNSPLASH
O Custo e o Valor da Água
O último Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal (RASARP), dá-nos conta de que os gastos totais reportados com o ciclo urbano da água em baixa atingiram, no ano de 2023, o valor record de 1740 milhões de euros.
Recuando ao ano de 2018, antes da Covid19, e retirando os valores discrepantes das Entidades Gestoras (EG) em baixa que ainda, pura e simplesmente, não prestam regularmente contas à ERSAR, observamos um aumento, só nos últimos 5 anos, de 280 milhões de euros (mais 20 %). Um aumento médio de 3,7 %, ao ano, das despesas totais daquelas entidades, que está, no mesmo período, 50 % acima da inflação e é o dobro do aumento dos volumes faturados (água e saneamento).
Verifica-se, portanto, um aumento de custos totais e unitários num período de forte concentração no setor, com o número de entidades a reduzir-se 29 %, só na última década, e com as agregações - a última panaceia para todos os males do setor – a tardarem em demonstrar as tão propaladas, mas nunca demonstradas, economias de escala.
Em sentido inverso, neste mesmo período, estes serviços tornaram-se ainda mais acessíveis para os utilizadores domésticos, com o peso da sua fatura no orçamento familiar a reduzir-se de 0,7 % para 0,6 %.
Desta desvalorização, aos olhos do consumidor, do abastecimento de água e da recolha de águas residuais, resultou o expectável - o aumento do consumo de água: 2 %, ao ano, nos utilizadores domésticos e 1,5 %, ao ano, nos não domésticos.
Resumindo: temos serviços cada vez mais acessíveis economicamente para os utilizadores, que, naturalmente, aumentam o consumo, mas mais caros para as entidades gestoras. Um desequilíbrio com impacto no presente e, ainda mais significativo, no futuro. (...)
Autor Pedro Perdigão
CEO Indaqua
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