A Transição Energética Europeia - um vetor de prosperidade e integração regional
Os crescentes impactos do aquecimento global nos padrões climáticos regionais e os persistentes protestos “Friday’s for Future” nas escolas amplificaram o reconhecimento público das alterações climáticas que agora viraram tópico de campanha para as eleições do Parlamento Europeu. Enquanto a maioria dos partidos estabelecidos apoia políticas de mitigação dos gases de efeito estufa, os partidos populistas de direita em geral negam as alterações climáticas e rejeitam as políticas de mitigação como sendo injustas para o seu eleitorado. O movimento francês dos “Gilets Jaunes”, que foi desencadeado pela cobrança de impostos de carbono sobre combustíveis, é uma manifestação emblemática da raiva que a mudança social e económica gera nas sociedades e essa frustração está agora a ser capturada para fins políticos. A narrativa usada para aglomerar esses grupos é que as políticas de mitigação das alterações climáticas são um fardo desnecessário para o cidadão comum. Por isso, políticas públicas e partidos que promovem a transição dos setores da energia, transporte, indústria e habitação, bem como a integração europeia que os apoia, devem ser rejeitados.
Ironicamente, as mudanças sociais, económicas e tecnológicas que impulsionam e acompanham essa transição não são apenas inevitáveis, mas uma oportunidade para a Europa e as suas regiões. A razão por trás do argumento é que um novo sistema energético baseado em energias renováveis é mais descentralizado e democrático, uma vez que as fontes de energia eólica, solar, hídrica e de biomassa estão distribuídas por toda Europa. Portanto, a transição energética não só requer a canalização de investimentos para as diversas regiões do continente, mas também o envolvimento das comunidades locais.
Segundo o "European Energy Transition 2030: The Big Picture", publicado pela Agora Energiewende em março de 2019, alcançar a redução das emissões de gases de efeito estufa em 40% até 2030, comparativamente a níveis de 1990, conforme definido pela legislação europeia, exige o desenvolvimento de medidas abrangentes por parte dos Estados-Membros, bem como o apoio e a coordenação da União Europeia. No entanto, mais que um esforço, isso representa uma oportunidade para um crescimento económico reforçado e inclusivo.
O estudo estima que o maior desenvolvimento das energias renováveis e das medidas de eficiência energética reduzirá o custo anual das importações de combustíveis fósseis em 28 mil milhões de euros, contribuindo assim para a independência energética e a balança comercial dos países europeus. Também se espera a criação de mais de um milhão de postos de trabalho e um crescimento económico maior em 1% do PIB europeu até 2030. Outro benefício é que a redução da poluição local diminui os impactos na saúde pública em cerca de 137 mil milhões de euros por ano.
Philipp Hauser (Agora Energiewende)
Artigo publicado na edição nº115 da IA
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