A transição energética em Portugal numa perspetiva comparada – O que podemos aprender com o passado?

O nível atual de prosperidade dos países ocidentais, fruto de vagas sucessivas de industrialização, está intrinsecamente ligado a alterações profundas nos padrões de consumo de energia. Antes dos combustíveis fósseis, as sociedades pré-industriais estavam dependentes da terra para suprir as suas necessidades de aquecimento e energia mecânica, com um consumo de energia típico de 12-30 GJ per capita. A transição da biomassa para o carvão libertou as sociedades pré-industriais dos limites da economia orgânica, tendo a máquina a vapor permitido o desenvolvimento de sectores chave como o ferro, o algodão, os navios vapor e a ferrovia. Durante a 1ª Revolução Industrial, os países líderes, como a Inglaterra e Alemanha, aumentaram o seu consumo energético para cerca de 100-130 GJ per capita.  No final do século XIX surgiu a 2ª Revolução Industrial, baseada no petróleo e no motor de combustão interna e noutra forma de energia final, a eletricidade e o correspondente motor elétrico. Este período ficou ligado a ganhos enormes na produtividade industrial como resultado da otimização do processo produtivo e do consumo de massas. Como consequência, os consumos de energia na Europa ocidental cresceram para cerca de 150-200 GJ per capita.  Nos anos setenta do século XX, a emergência da 3ª Revolução Industrial, ligada às TIC, à produção de renováveis e ao aumento da eficiência energética coincidiu com a estabilização dos consumos de energia e declínio das emissões de CO2 em vários países Europeus, rompendo com a ideia de que o crescimento económico é incompatível com uma redução dos impactos ambientais.

Estas alterações nos padrões de consumo energético nos países industrializados não têm sido suficientes para travar as alterações climáticas, à medida que a industrialização chega a outras partes do mundo. Para reverter a tendência, a visão da Europa para 2050 inclui um continente neutro em carbono. Para isso acontecer a velocidade da descarbonização e a taxa de desacoplamento entre energia e PIB terão de aumentar significativamente nas próximas décadas. Necessitamos de uma adoção massiva de energias renováveis e de um crescimento económico compatível com restrições na utilização de energia e fluxos de materiais. Mas quão desafiante é esse novo modelo de crescimento para um país de desenvolvimento tardio como Portugal? A história da transição energética portuguesa durante as três revoluções industriais pode trazer algumas considerações importantes para o futuro. (...)

Sofia Henriques, consultora, Quaternaire

Artigo completo na Indútria e Ambiente nº125 nov/dez 2020

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