Transição Energética e Crescimento Económico

O planeamento da transição energética necessária para cumprir o objectivo da neutralidade carbónica deve levar em conta uma análise cuidadosa da relação entre uso de energia e crescimento económico. De facto, para conseguir fazer o desligamento entre emissões de dióxido de carbono e PIB é necessário transitar o sistema energético para energias renováveis e, simultaneamente, dada a transformação massiva do sistema energético que isto representa, superior a quaisquer transformações no passado, fazer o desligamento entre energia e crescimento económico.

Assim, todas as estratégias para a neutralidade carbónica consideradas viáveis baseiam-se fortemente na redução da intensidade energética do PIB, isto é, no aumento da eficiência de utilização de energia para a criação de valor económico. Para perceber este quociente, é necessário sermos rigorosos no nosso uso da palavra energia, distinguindo, em primeiro lugar, as diferentes etapas de transformação de energia na economia: energia primária, ou seja, os recursos energéticos que ainda não sofreram nenhuma acção humana (p.e., o carvão no sub-solo, antes ainda de se ter feito uma mina para o explorar); energia final, a última etapa de transformação de energia em que existe um pagamento (p.e., a electricidade, que poderá ser oriunda da queima de carvão numa central termoeléctrica, pela qual uma empresa paga na sua fábrica); energia útil, a energia que é efectivamente disponibilizada para satisfazer necessidades humanas (p.e., o trabalho mecânico feito por um motor numa fábrica).

Podemos agora ser mais precisos acerca de qual é a eficiência que precisamos de maximizar: trata-se da conversão de energia primária em PIB. Por sua vez, esta eficiência é o produto das eficiências de conversão de energia primária em final, energia final em útil, e energia útil em PIB.

As abordagens mais habituais ao problema da transição energética centram-se na alteração das fontes de energia primária, passando de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural) para fontes renováveis (biomassa, hídrica, eólica, solar). Aqui vamo-nos centrar nas duas etapas seguintes: eficiência de conversão de energia final para energia útil e de utilização de energia útil para a criação de valor económico. (...)

Tiago Domingos, professor de Ambiente e Energia, Instituto Superior Técnico

Artigo completo na Indútria e Ambiente nº125 nov/dez 2020

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