Integração da produção renovável e de cogeração

O Conselho de Reguladores do Mercado Ibérico de Eletricidade (MIBEL) elaborou um estudo que aborda diversos aspetos relacionados com a Produção de Regime Especial (PRE) “e a sua integração na operação e funcionamento dos sistemas e do mercado, desde os princípios orientadores da segurança de abastecimento, a eficácia na concretização dos compromissos assumidos para com a sustentabilidade ambiental e a eficiência económica imposta por uma envolvente económica marcada por austeridade e a necessária melhoria da competitividade”.

Os autores puderam concluir pela existência de uma aparente relação inversa entre o peso relativo da produção em regime especial na satisfação da procura e o nível do preço formado em mercado. Para uma elevada disponibilidade dos recursos de PRE, o preço spot formado para o MIBEL tende a aproximar-se de valores na gama entre 0 eur/MWh e 30 eur/MWh.

Já a baixa disponibilidade de recursos de PRE surge associada a uma maior ocorrência de preços acima dos 60 MWh, o que reflete a necessidade de recorrer a tecnologias de custo marginal mais elevado para a satisfação da procura no MIBEL.

Os autores do estudo consideram que o alargamento da base de produção renovável que participe diretamente em mercado, sem beneficiar de tarifa administrativa garantida, pode contribuir para estabilizar as condições de variabilidade do preço no mercado à vista.

A eólica

O agregado de produção em regime especial no MIBEL é fortemente marcado por um peso significativo da produção eólica em relação aos restantes vetores da energia primária. Esta composição determina que as características de variabilidade no tempo dos volumes de produção em regime especial sejam influenciadas pela variabilidade da eólica.

Em termos comparativos, os autores do estudo perceberam que a produção deste tipo de energia é mais volátil em Portugal do que em Espanha, o que se reflete num desvio padrão médio mais elevado em Portugal. Como é natural, esta volatilidade traduz-se numa menor qualidade nas previsões relativas à energia eólica em Portugal.

Diferentes regimes de tratamento

Os regimes de tratamento da PRE em Portugal e Espanha são distintos, sendo que os produtores em regime especial em Portugal que beneficiam de tarifa administrativa estão isentos de encargos com os desvios.

Em termos de operação técnica, o estudo permitiu perceber que, em Portugal e em Espanha, no período entre 2010 e 2015, foi possível observar uma redução das necessidades de banda de regulação secundária, que, apesar de tudo, é mais expressiva em Portugal que em Espanha.

“A primeira conclusão que se pode extrair do comportamento da interligação interna ao MIBEL é a ocorrência consistente de integração de mercado, medida pelo elevado número de horas em que o preço é igual nas duas áreas do MIBEL (mais de 90% das ocorrências horárias entre 2010 e 2015), o que reflete uma muito razoável capacidade de integração conjunta do agregado PRE e, por outro lado, a própria magnitude semelhante em Portugal e Espanha da dimensão relativa do agregado PRE para satisfação da procura”, frisa o relatório.

Os autores do estudo consideram ainda prioritário “avançar na harmonização regulatória dos procedimentos de deslastre da produção em regime especial em ambos os países, a fim de eliminar essas reduções que afetam o correto funcionamento do MIBEL”.

Consulte o estudo completo em www.erse.pt/pt/mibel/construcaoedesenvolvimento/Documents/Mibel_Estudo_PRE_PT.pdf

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