Produção de energia eólica em Portugal aumentou, mas metas ainda não estão asseguradas

FOTO AL3XANDERD/ PIXABAY

A Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) e o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) lançaram o relatório “Parques Eólicos em Portugal”, desenvolvido no âmbito do projeto conjunto e2p – Energia Endógena Portugal, que atualiza os dados sobre a evolução da energia eólica no país. Os resultados mostram que, apesar de um ligeiro crescimento da capacidade instalada, Portugal continua aquém do necessário para alcançar as metas definidas no Plano Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC 2030)

De acordo com este relatório, que as duas entidades divulgaram em comunicado, Portugal tinha, no final de 2024, 2.936 aerogeradores espalhados por todo o território, a produzir o equivalente a mais de um quarto da eletricidade no país (27,5 %). A esmagadora maioria destes equipamentos localiza-se no Continente, sendo que Viseu é o distrito com maior potência instalada de energia eólica.

O relatório compara também a capacidade instalada nacional com a dos países europeus analisados. Portugal ocupa o 10.º lugar com maior potência eólica. Encabeça esta lista a Alemanha, com 72,7 GW.

Em 2024, foram produzidos 14,1 TWh de eletricidade de origem eólica onshore, mais 9 % face a 2023. A expansão da energia eólica depende, sobretudo, de intervenções em parques já existentes, nomeadamente sobreequipamentos e reequipamentos.

A APREN manifesta preocupação com os números: a expansão da capacidade eólica em Portugal continua a depender sobretudo de intervenções em parques já existentes, nomeadamente sobreequipamentos e reequipamentos, em vez da instalação de novos parques.

Em 2024, foram instalados pouco mais de 70 MW de nova capacidade eólica, dos quais cerca de metade corresponde a projetos de sobreequipamento — ou seja, a atualização de equipamentos em parques já existentes. A restante nova potência representa um esforço insuficiente para que o país consiga atingir os 10,4 GW de eólica onshore e os 2 GW offshore previstos para 2030.

Citado no comunicado, Pedro Amaral Jorge, Presidente da Direção da APREN, afirma que “as metas estabelecidas no Plano Nacional Energia e Clima 2030 são ambiciosas e exigem um esforço concertado, não só no desenvolvimento dos projetos eólicos, mas também na capacidade de envolver a indústria nacional ao longo de toda a cadeia de valor. Para que Portugal possa alcançar os 12,4 GW que estão previstos para 2030, é fundamental que o Estado crie um quadro remuneratório que permita a viabilidade económico-financeira e “bancabilidade” dos centros electroprodutores eólicos, capaz de impulsionar os montantes de investimento necessários e assegurar a adequação das infraestruturas. Só assim poderemos transformar a energia eólica num verdadeiro motor económico e ambiental para o país.”

Já Filipa Magalhães, responsável técnica de monitorização de ativos no INEGI, destaca que, em 2024, a energia eólica representou mais de um quarto da eletricidade consumida em Portugal, consolidando-se como um pilar essencial da transição energética nacional. Explica ainda que os projetos em curso, que deverão ficar concluídos em 2025, acrescentam mais 294,3 MW à capacidade já instalada. Ainda assim, a responsável sublinha que o ritmo fica aquém do necessário para o cumprimento das metas do PNEC.

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