A Problemática da Salinidade na Água para Reutilização – “Sal sim, mas no ponto”

Como recurso limitado que é, urge proteger, conservar e gerir o recurso água doce, num quadro de sustentabilidade de modo que se possa satisfazer as gerações atuais sem por em causa o desenvolvimento de gerações futuras.

Face à diminuição das reservas de água disponível em muitas zonas do globo, incluindo em alguns locais do território nacional, motivada pelo aumento do consumo e, ou pelos fenómenos extremos decorrentes das alterações climáticas, bem como por algumas situações de deterioração da qualidade da água superficial e subterrânea, torna-se premente melhorar a eficiência na utilização da água (ONU, 2017).

No que diz respeito à atividade de saneamento, pode-se apontar como ações fundamentais a nível da gestão do ciclo urbano da água a diminuição das afluências indevidas, como sejam águas pluviais, águas salinas e determinados efluentes industriais, por forma a reduzir os consumos energéticos e, consequentemente, os custos de elevação e de tratamento, bem como a reutilização dos efluentes tratados para fins compatíveis. Em função do uso, a reutilização de efluentes tratados pode permitir ainda o reaproveitamento de nutrientes, contribuindo também desta forma para a implementação da economia circular (CE, 2015), para além de potenciar uma economia de baixo carbono promovida pela redução das emissões atmosféricas.

As águas residuais devidamente tratadas podem ser uma fonte alternativa e segura de água para determinados usos, mudando o paradigma de gestão das mesmas de “tratamento” e “eliminação” para “reutilização, reciclagem e recuperação de recursos” e deixando de ser vistas como um problema que precisa de uma solução, mas antes como fazendo parte da solução para os desafios que as sociedades enfrentam atualmente (WssTP, 2016; ONU, 2017). 

António M. P. Martins

Engenheiro do Ambiente (U.Aveiro), MSc Eng.ª Sanitária (FCT-UNL), PhD Biotecnologia Ambiental (TU Delft)

Artigo publicado na edição nº114 da IA

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