O Orçamento e a Bolha de Carbono

Os combustíveis fósseis foram em grande parte responsáveis pela civilização de que desfrutamos e consequentemente pela prosperidade económica, pelo bem-estar e pelo progresso dos indicadores de qualidade de vida médios, à escala global, registado nos últimos cerca de 250 anos. Porém, como se sabe, a libertação para a atmosfera do CO2 proveniente da sua combustão intensifica o efeito de estufa e provoca uma mudança climática, que se não for controlada se tornará perigosa para a humanidade. Há outras atividades humanas que contribuem para a mudança climática mas o CO2 proveniente da combustão de combustíveis fósseis é responsável por cerca 65% do forçamento radiativo que a causa (IPCC, 2013). As alterações do uso dos solos, e especialmente a desflorestação, provocam emissões de CO2 que contribuem com 11% do forçamento radiativo total, enquanto todos os outros gases com efeito de estufa com emissões antropogénicas, tais como o CH4 e o N2O, contribuem com 24%.

O nosso paradigma energético atual é o dos combustíveis fósseis, no sentido de que constituem cerca de 80% das fontes primárias de energia globais. Para evitar uma interferência antropogénica perigosa sobre o sistema climático é necessário proceder a uma transição energética melhorando a eficiência energética e substituindo os combustíveis fósseis por outras fontes primárias de energia, especialmente as energias renováveis. A grandeza desta transição ficou quantitativamente definida pelo Acordo de Paris, que tem por objetivo limitar o aumento da temperatura média global da atmosfera à superfície em 2º C relativamente ao período pré-industrial. Esta temperatura já aumentou de 1º C pelo que só poderemos aumentá-la de mais um 1º C para cumprir o acordo. Temos pois um orçamento de CO2, ou abreviadamente de carbono, que podemos emitir para a atmosfera e que, de acordo com o 5º Relatório do IPCC, situa-se entre 870 GtCO2 (109 toneladas de CO2) e 1240 GtCO2. O valor mais baixo corresponde a uma probabilidade elevada de não ultrapassar 2º C. (...)

Artigo completo da Indústria e Ambiente nº110 mai/jun 2018

Filipe Duarte Santos

Autor da coluna Alterações Climáticas / Presidente do CNADS

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