Molécula poderá ajudar a converter CO2 em combustível

  • 06 novembro 2024, quarta-feira
  • Energia

Imagem: jotoler / pixabay

Trata-se da descoberta de uma molécula capaz de transformar dióxido de carbono (CO2) em monóxido de carbono (CO), utilizando a luz solar como fonte de energia

A descoberta é de uma equipa internacional de investigadores, liderada por cientistas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CIÊNCIAS ULisboa), e pode representar uma mudança importante na forma como a indústria lida com o CO2.

O uso de CO2, um subproduto comum na indústria, não só ajuda a reduzir as emissões de carbono como também valoriza este resíduo, transformando-o num recurso útil. Este processo contribui, assim, para a redução das emissões poluentes e do impacto ambiental das indústrias.

A equipa, coordenada pelo investigador Paulo Martinho, do Centro de Química Estrutural, no âmbito do projeto de Doutoramento em Química de Marcos Bento, que contou com a colaboração de investigadores dos Países Baixos e Reino Unido, conseguiu sintetizar um composto de rénio (Re), ativado por luz solar, que converte o CO2 em CO de forma eficiente e mais sustentável. A utilização da luz solar não só reduz a necessidade de condições industriais agressivas, como também promove o uso de uma fonte de energia renovável, reduzindo o consumo energético.

O monóxido de carbono produzido através deste processo pode ter aplicações industriais significativas, nomeadamente na produção de combustíveis através do processo de Fischer-Tropsch, um dos principais métodos usados para a criação de hidrocarbonetos. Além disso, o CO pode ser utilizado para a produção de produtos químicos e farmacêuticos, demonstrando a sua versatilidade como matéria-prima.

“Trata-se de uma descoberta importante, uma vez que reduz a pegada da indústria e de uma matéria-prima que por si só já é bastante poluente. Além disso, ao utilizar a luz solar como fonte de energia, conseguimos evitar a utilização de processos industriais que exigem a utilização de elevadas quantidades de energia”, explica Marcos Bento.

Em termos ambientais, este avanço tecnológico pode significar uma redução significativa da pegada ecológica das indústrias, oferecendo uma solução prática para a reutilização de CO2 em larga escala. Com políticas globais de sustentabilidade e redução de emissões cada vez mais rigorosas, este tipo de descoberta pode desempenhar um papel crucial na transição para processos industriais mais verdes.

Agora, os cientistas pretendem expandir o processo para uma escala piloto laboratorial, tendo como próximo desafio o desenvolvimento de reatores que possam funcionar de forma eficiente com este sistema, transformando CO2 em CO em quantidades maiores e com a mesma eficácia observada em laboratório e em pequena escala.

Para além da produção de combustíveis, o CO gerado por este processo pode ser utilizado para criar uma variedade de outros produtos, incluindo plásticos e pequenos compostos moleculares usados na indústria química e farmacêutica. A versatilidade deste processo abre portas para o desenvolvimento de novos materiais e substâncias, promovendo a economia circular e reduzindo a dependência de recursos fósseis. O estudo foi desenvolvido em parceria com instituições de investigação de Portugal, Países Baixos e Reino Unido.

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