Uma microrrede de energia está a ser testada na Universidade de Coimbra
- 09 outubro 2020, sexta-feira
- Energia
Uma equipa do Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra (ISR-UC) desenvolveu uma microrrede de energia que agrega produção fotovoltaica, armazenamento de energia em baterias de iões de lítio (baterias de última geração), controlo inteligente de cargas e interação vehicle to grid (V2G). O sistema faz uso de carregadores elétricos com tecnologia “silicon-carbide”, que permitem transferência de potência bidirecional de elevada eficiência.
A vantagem da microrrede é funcionar de forma autónoma da rede elétrica principal, permitindo a integração, monitorização e controlo dos recursos, proporcionando maior eficiência energética e combatendo o desperdício.
«O nosso trabalho consistiu precisamente em interligar todos estes ativos e colocá-los a funcionar em conjunto, para ter uma microrrede que consiga funcionar autonomamente, só com a sua produção local e capacidade de armazenamento. O sistema que desenvolvemos é, cremos nós, o primeiro em Portugal a incluir V2G (vehicle to grid) e carregadores “silicon-carbide” e será usado para desenvolver algoritmos de controlo de microrredes numa panóplia de cenários», explica, em comunicado da universidade, Alexandre Matias Correia, investigador principal do projeto, que faz parte da sua tese de doutoramento, orientado pelo catedrático Aníbal Traça de Almeida.
A microrrede desenvolvida no ISR-UC está em teste no Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e os primeiros resultados indicam, de acordo com a universidade, uma eficiência energética entre os 85-90%. O sistema solar fotovoltaico tem uma potência de 78kWp e foi inteiramente adquirido pelo ISR e oferecido à Universidade de Coimbra.
Esta instalação-piloto vai servir de modelo para o próximo passo da investigação: desenvolver uma microgrid específica para ser utilizada em situações de catástrofe. «Com base nesta bancada de testes, vamos desenvolver novos algoritmos e estratégias de controlo que permitam manter e garantir o fornecimento de energia mesmo durante situações de catástrofe, como incêndios florestais, furacões, cheias etc.», diz Alexandre Matias Correia.
O investigador do ISR considera que o paradigma energético está a mudar, salientado que, «o futuro passa pelas microrredes. São soluções tecnológicas que contribuem de forma significativa para o processo de transição energética, a redução das emissões de dióxido de carbono e combate ao desperdício».
O projeto, que foi recentemente exposto à comunidade científica, na 56ª Conferência IEEE “Industrial & Comercial Power Systems”, vai ser apresentado à EDP Distribuição na próxima segunda-feira, dia de 12 de outubro.
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