Indústria dos plásticos: mudança para a sustentabilidade é ainda incipiente

Um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro realizou um estudo com o objetivo de medir o impacto de uma Gestão Sustentável da Cadeia de Abastecimento (GSCA) e de uma Gestão Ambientalmente Responsável das Compras (GARC) no desempenho da indústria dos plásticos em Portugal.

O estudo identifica os desafios que a indústria enfrenta na prossecução de práticas sustentáveis, nomeadamente ao nível da utilização racional dos recursos e do seu reaproveitamento, por parte da própria indústria e também do utilizador final.

Os autores do estudo, António Moreira, Cláudia Ribau e Carolina Rodrigues, dirigiram um questionário online a uma amostra de empresas do setor fundadas entre 1929 e 2011, sendo que 90 por cento eram PME.

As respostas permitiram perceber que, nesta indústria, as práticas e soluções a nível da sustentabilidade ainda não estão a ser implementadas ou valorizadas. Por outro lado, a sustentabilidade não é abordada de um ponto de vista estrutural, já que as decisões são sobretudo de curto-prazo e reativas, em vez de decisões planeadas e proativas, integradas numa estratégia ambiental. Neste momento, o investimento é feito tendo em conta soluções operacionais imediatas, que permitam obter uma rápida rentabilidade. Os autores do estudo ressalvam igualmente que, sendo esta indústria constituída essencialmente por PME, faltam recursos para alavancar as necessárias mudanças, sendo por isso necessário repensar os apoios.

A gestão responsável da cadeia de abastecimento é um aspeto fulcral nesta viragem para a sustentabilidade, já que implica “uma perspetiva relacional interempresarial comum entre os diversos stakehloders”, salientam os autores numa nota enviada à Indústria e Ambiente, acrescentando que “cabe também ao Estado impor estas mudanças, de forma urgente, com uma perspetiva mais proativa, incentivando a que as empresas criem e implementem políticas de ecocentricidade, rastreabilidade, cultura ambiental e responsabilidade social, com o objetivo de criar um ambiente mais propício a práticas mais evidentes de sustentabilidade ambiental no setor dos plásticos”. Esta orientação deve ser acompanhada de um alinhamento com o tecido académico, de forma a promover a criação de quadros imbuídos de uma cultura ambientalmente responsável.

Os autores alertam ainda para a importância que os gestores de topo assumem na adoção de práticas sustentáveis na área das compras, pelo seu potencial de cultivar a consciência e responsabilidade ecológica no local de trabalho.

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