O hidrogénio dourado e as dificuldades da descarbonização

Fotografia: Roxanne Desgagnés_Unsplash

Nove anos após a assinatura do Acordo de Paris sobre o clima, o mundo não está no bom caminho para cumprir o objetivo de limitar o aquecimento global, adverte um relatório exaustivo publicado pela Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (CQNUAC) publicado em setembro de 2023 (CQNUAC, 2023), antes da COP28 realizada no Dubai. O relatório levou dois anos a preparar e é um exercício que será repetido todos os cinco anos.

O Acordo de Paris estipula que os países signatários devem desenvolver ações necessárias para manter o aumento da temperatura média global da atmosfera à superfície (TMGAS) abaixo de 2 °C relativamente ao período pré-industrial, e fazer esforços para limitar o aumento a 1,5 °C. Porém, as atuais medidas e políticas de mitigação adotadas pelos signatários da CQNUAC conduzirão a um aumento da TMGAS próximo de 3 °C.

Como é evidente, estamos perante um problema de caráter global para o qual todos os países contribuem com as suas emissões de gases com efeito de estufa (GEE), e todos sofrem os efeitos adversos da mudança do clima global que essas emissões estão a provocar e continuarão a provocar se não forem mitigadas. Daí o princípio muito importante das responsabilidades comuns mas diferenciadas, que reconhece as diferentes capacidades e as diferentes responsabilidades de cada país no combate às alterações climáticas e que faz parte do texto da CQNUAC.

No ano de 2023 registou-se uma temperatura média global de 14,98°C, com um intervalo de incerteza de 0,17°C. Este valor foi o mais elevado jamais observado desde o início dos registos de séries de temperatura em meados do século XIX, tendo o anterior valor anual mais elevado sido registado em 2016. Em 2023, a TMGAS foi 0,60°C mais elevada do que a média do período de 1991-2020 e 1,48°C mais elevada do que o valor pré-industrial. Este último facto alerta-nos para a proximidade de atingir um aumento da TMGAS superior a 1,5 °C. A situação de El Niño Oscilação do Sul (ENSO), estabelecida em 2023, apenas agravou o aumento de temperatura observado, não explica o seu valor.

Artigo completo na Indústria e Ambiente nº144 jan/fev 2024

Filipe Duarte Santos

Autor da coluna Alterações Climáticas / Presidente do CNADS

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