Gestão da recarga de aquíferos - Aspetos gerais relacionados com o conceito e alguns exemplos

  • 01 julho 2022, sexta-feira
  • Água

A atualmente denominada “Gestão da Recarga de Aquíferos”, internacionalmente conhecida pelo acrónimo MAR, correspondente a “Management Aquifer Recharge”, foi, até há alguns anos, denominada “recarga artificial de aquíferos”. Esta segunda denominação caiu, entretanto, em desuso na literatura científica, mas continua a ser muito usada, pelo que se começa por esclarecer que se trata do mesmo tema.

Na prática, trata-se de um vasto conjunto de métodos diferentes da gestão tradicional dos recursos hídricos: em vez de se usar o recurso água, que naturalmente chega aos aquíferos, passou a utilizar-se a porosidade, ou seja o espaço correspondente ao volume de vazios existente no subsolo, que passa a ser ele mesmo o recurso, onde se pode armazenar temporariamente a água que está em excesso à superfície nos aquíferos para ser usada mais tarde em períodos de escassez e melhorar a qualidade da água.

Como o escoamento da água é muito mais rápido à superfície do que nos aquíferos, o tempo de residência da água nos reservatórios subterrâneos é muito maior, e esta diferença permite fazer variar os períodos de disponibilidade de acordo com as necessidades de gestão.

Para além dos benefícios relacionados com a disponibilização de água em contraciclo com a variabilidade temporal de armazenamento (como fazem as barragens à superfície), existem igualmente benefícios relacionados com a melhoria da qualidade da água. Nos sistemas SAR (Soil Aquifer Treatment), é promovida a infiltração de água através de solos cujas características permitem atenuar ou até eliminar problemas de qualidade da água, através de processos físicos e químicos.

Um exemplo deste tipo é a remineralização (correção da dureza da água) da água dessalinizada em em Tel-Aviv para abastecimento público, recorrendo ao seu armazenamento subterrâneo temporário. Resolvem-se, assim, três problemas ao mesmo tempo: armazena-se a água dessalinizada que não é usada imediatamente na rede pública urbana de distribuição de água, evitando a sua perda, melhora-se a qualidade da água e, finalmente, recuperam-se os níveis piezométricos do aquífero costeiro naquela área, eliminando os problemas de sobre exploração e intrusão salina que, desde meados do século passado, afetavam aquela área. (...)

José Paulo Monteiro, professor, Universidade do Algarve, Kath Standen, investigadora, Universidade do Algarve, e Luís Costa, investigador, Universidade do Algarve

Artigo completo na Indústria e Ambiente nº134 mai/jun 2022, dedicada ao tema 'Gestão de águas subterrâneas'

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