Entrevista a José Sardinha

  • 01 novembro 2021, segunda-feira
  • Água

O Vice-Presidente do Grupo Águas de Portugal fala dos desafios que a pandemia trouxe mas também das oportunidades criadas com a digitalização e outros projetos que vêm reforçar a resiliência do setor.

Entrevista por Cátia Vilaça

De que forma a pandemia impactou a globalidade do grupo Águas de Portugal (AdP), nomeadamente nos aspetos operacionais? Como foi este período?

Foi um período difícil que nos orgulhamos de ter conseguido ultrapassar sem problemas de maior e garantindo sempre o serviço público de abastecimento e de saneamento de norte a sul do país. Sem abastecimento e sem saneamento seria impossível ao país combater a pandemia - imagine-se o que seria um hospital sem água. Tivemos de estar sempre na linha da frente, o que nos obrigou a alterar um conjunto grande de procedimentos, desde logo porque o confinamento nos forçou a mudar a forma de realizar as nossas atividades.

Houve períodos em que 50 a 60 por cento dos nossos trabalhadores estavam em casa, confinados. Para esses, foi necessário implementar um conjunto de medidas, que envolveram meios informáticos e alteração de rotinas de trabalho e da forma de organização do trabalho, para que continuasse a ser efetuado. A empresa deu computadores e telemóveis a todas essas pessoas para trabalharem em casa. Arranjar maquinaria de um momento para o outro para colocar as pessoas em casa a trabalhar não foi fácil. Por outro lado, o rendimento mensal e remunerações associadas, como o subsídio de alimentação, foram sempre garantidos, o que foi muito importante para que as pessoas sentissem que estavam efetivamente apoiadas.

Por outro lado tínhamos 50 a 60 por cento dos trabalhadores que não podiam fazer o seu trabalho remotamente – na operação, manutenção, controlo analítico e assistência ao cliente. Naturalmente que algumas destas atividades são mais intensas do que outras, sobretudo quando temos atividades de baixa, ou seja, diretamente ao consumidor. Nesses casos, implementámos um conjunto de medidas, desde logo de equipamentos de segurança mas também de reorganização do trabalho: redistribuímos as viaturas, colocámos as equipas em suplência em casa e as equipas que andam no terreno passaram a fazê-lo sozinhas por forma a evitar riscos de contaminação; as entradas e saídas dos turnos passaram a ser desfasadas em cerca de uma hora, o que obrigou a encontrar mecanismos de transmissão de informação entre as várias equipas.

Mantivemo-nos preparados para cenários ainda piores do que aqueles que estavam a ocorrer, e os trabalhadores sabiam disso, o que leva a um aumento de confiança. Para algumas empresas, foi a primeira vez que passaram por uma pandemia, mas no caso da EPAL, a maior e mais antiga do país, já é a segunda. A de 1919-1920 foi muito pior do que esta, e esse ADN chegou até nós. Naturalmente que hoje temos mais ferramentas, desde logo a vacina e um serviço de saúde fantástico que não tínhamos há 100 anos. Por outro lado, dispomos hoje de ferramentas de digitalização que nos permitem fazer muito trabalho à distância, e não só aproveitámos isso como também lançámos, em tempo record, um conjunto de ferramentas que aumenta a produtividade. (...)

Leia a entrevista na Indústria e Ambiente nº130 set/out 2021, dedicada ao tema 'Setor da Água – lições da pandemia'

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