Entrevista a Hemetério Monteiro

Hemetério Monteiro dedicou a carreira ao estudo do impacto dos fatores ambientais na saúde. Acompanhou, por isso, o surgimento de diversas ameaças à saúde, desde os riscos biológicos há muito estabelecidos, até ao aparecimento de novos vetores e doenças trazidos pelas alterações climáticas e mudanças de estilo de vida. As soluções para mitigar estes problemas não são imediatas nem fáceis, mas o engenheiro químico não duvida da sua importância.

Entrevista por Cátia Vilaça | Fotografia D.R.

O Eng.º Hemetério Monteiro passou por várias entidades e esteve ligado a várias áreas da Saúde Ambiental. De que forma evoluíram as preocupações, mas também as prioridades, nas diferentes áreas da Saúde Ambiental?

Até à década de 70, as preocupações que existiam em Portugal e na generalidade dos países da Europa estavam fundamentalmente relacionadas com os problemas do saneamento básico. Os riscos biológicos são aqueles que sempre estiveram presentes.

A Saúde Ambiental vem desde tempos imemoriais, desde que o Homem começou a contactar com a natureza, porque eram os agentes patogénicos, os microrganismos, bactérias, vírus, parasitas que constituíam os principais riscos para a saúde humana, além dos problemas da qualidade da água, com certeza. Os problemas agravam-se quando começam a crescer as urbes, quando começam a crescer as cidades nos impérios passados. Tentou-se resolver algumas daquelas preocupações em alguns daqueles impérios. Nos impérios romanos vamos encontrar já redes de abastecimento de água e de evacuação de águas residuais.

Com a Revolução Industrial começa a surgir outro tipo de problemas, cujo impacto só se vem a conhecer de uma forma muito alargada já em meados do século XX. Os primeiros casos, ou pelo menos os que ficaram registados na história destas matérias, foram, por exemplo, a “doença de Minamata”, que surgiu na baía de Minamata, [onde se observaram] os efeitos na saúde humana resultantes do lançamento das águas residuais de uma indústria. Foi através da cadeia alimentar que passados cerca de 20 anos da instalação da fábrica surgiram os primeiros casos na saúde dos humanos [contaminação por mercúrio]. Também próximo dessa data, outra questão foi um livro chamado “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson, que veio denunciar o grande problema dos pesticidas.

Voltando às nossas metas em Portugal, a Direção-Geral de Saúde criou um serviço de Engenharia Sanitária para abordar outras matérias, dada a complexidade dos problemas que estavam a surgir - a poluição da água, a poluição do ar, o problema do ruído, os problemas do excesso de resíduos e das águas residuais. A DGS teve sempre só um engenheiro, pelo menos desde 1901, quando foi criado o Regulamento Geral da Saúde em Portugal. Nessa altura, na equipa de Saúde Pública que coordenava essa área, e até ao final da década de 60, havia apenas um engenheiro na área da Saúde. A reestruturação da década de 60 vem criar um serviço de âmbito nacional, com um engenheiro em cada distrito, pelo menos, porque havia distritos com mais. (...)

Leia a entrevista completa na Indústria e Ambiente nº135 jul/ago 2022, dedicada ao tema 'Saúde Ambiental'

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