Movimento dos navios é suficiente para desencadear emissões de metano, segundo estudo

FOTO ED2456 / PIXABAY

Um estudo da Universidade Tecnológica de Chalmers, na Suécia, permitiu perceber que o tráfego de navios em áreas superficiais como os portos desencadeia um grande volume de emissões de metano, apenas pela movimentação na água. Os investigadores observaram um volume de emissões 20 vezes maior comparativamente a áreas próximas não movimentadas

Em comunicado, os investigadores explicam que as medições mostram que a passagem dos navios desencadeia uma cadência clara de elevados fluxos de metano da água para a atmosfera, explicados pelas alterações de pressão e pela mistura da massa hídrica. Mesmo pequenos movimentos levam uma quantidade significativa no final do dia, conforme explicou a investigadora Amanda Nylund.

O metano é um potente gás com efeito de estufa e as emissões associadas aos navios movidos a gás natural liquefeito são uma preocupação significativa. Neste estudo, as emissões foram medidas independentemente do tipo de combustível usado, o que significa que todos os navios provocam emissões e o seu contributo para este fenómeno está subestimado.

O estudo focou-se em áreas superficiais onde os sedimentos não têm oxigénio e são ricos em matéria orgânica. Estes ambientes são propícios à formação de metano, e se houver níveis elevados de produção, o gás pode libertar-se ou ascender à superfície em bolhas. Quando um navio passa, a pressão no fundo do mar altera-se e as bolhas de metano libertam-se mais facilmente dos sedimentos. Em combinação com a movimentação de águas causada pela passagem dos navios, o metano pode subir e rapidamente escapar para a atmosfera.

O fenómeno foi descoberto por acaso, quando estavam a ser conduzidas outras medições. Os investigadores perceberam que os navios de cruzeiro e os de carga, dois dos maiores tipos, libertam mais metano e com mais frequência, mas embarcações mais pequenas, como os ferries que transportam pessoas e carga, também são responsáveis por grandes volumes de metano libertado. Outras embarcações mais pequenas são responsáveis até por volumes menores, pelo que a questão é mais complexa do que a dimensão, mas a presença de duplos propulsores nas embarcações maiores pode ajudar a perceber a diferença.

Os investigadores recomendam agora que se repense a forma e o local onde as emissões são medidas, especialmente em águas costeiras, onde se verifica a interação de fatores humanos e naturais.

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