Emissões geradas por transporte rodoviário em Portugal aumentaram 6,2%

As emissões de gases geradas pelo transporte rodoviário em Portugal aumentaram 6,2 por cento em relação ao período pré-pandemia, estimou a associação ambientalista Zero, alertando para a ameaça às metas climáticas e exigindo um “sinal vermelho”.

Em comunicado, a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável destacou que “as emissões associadas ao consumo de gasóleo e gasolina no transporte rodoviário não param de aumentar”, de acordo com cálculos feitos a partir das Estatísticas Rápidas dos Combustíveis Fósseis, publicadas pela Direção-Geral de Energia e Geologia.

Considerando o período entre julho de 2022 e julho de 2023 (inclusive), as emissões totalizaram 18,2 milhões de toneladas de dióxido de carbono, mais 6,2 por cento do que em relação ao período entre julho de 2018 e julho de 2019, antes da pandemia de covid-19.

Entre julho de 2022 e julho de 2023, o aumento foi de 5,4 por cento, estima a associação, recordando que tal acontece “apesar de os preços dos combustíveis rodoviários se encontrarem a níveis historicamente elevados, de quase um milhão de pessoas ter adotado o regime de trabalho híbrido e da perda acentuada de poder de compra”.

Segundo as contas da Zero, o maior crescimento registou-se no consumo de gasolina 95 (12,9 por cento), enquanto o gasóleo subiu 4,9 por cento, o que permite aferir que a origem do aumento das emissões decorre mais de uma maior utilização de veículos ligeiros do que dos pesados de passageiros e mercadorias.

A Zero atribuiu este aumento a “vários fenómenos”, nomeadamente ao recurso de antigos utilizadores de transportes públicos a automóveis particulares, “como forma de reduzir o risco de contágio” de covid-19.

Simultaneamente, “a grande expansão dos regimes de trabalho parcial ou totalmente remotos pode ter reduzido o custo relativo do uso do transporte individual em relação aos passes sociais, aumentando a atratividade do automóvel”, apontou.

Além disso, “a saída de muitas dezenas de milhares de residentes dos municípios do Porto e Lisboa (cerca de 70 mil entre 2019 e 2022) face à acentuada subida dos preços da habitação” pode ter feito aumentar os movimentos pendulares com recurso ao automóvel.

Acresce ainda o aumento de turistas “que visitaram regiões mais afastadas dos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro”, recorrendo ao automóvel.

A Zero analisou também as emissões da aviação, estimando que cresceram 4,7 por cento entre os mesmos dois períodos de referência (2018-2019 e 2022-2023), valor que continua “a preocupar”.

A associação realçou que é “absolutamente crítico” adequar as políticas públicas a este cenário e, para combater a “desoladora situação”, propõe melhores passes, mais apoios públicos a veículos elétricos e o “reforço substancial” da ferrovia.

“É preciso rever fortemente os incentivos que as empresas ainda têm à aquisição de combustíveis e de veículos movidos a combustíveis fósseis”, bem como ao pagamento de portagens e estacionamento, defendeu ainda.

“É também urgente não só estancar a saída, como começar a fazer regressar residentes ao centro das maiores cidades portuguesas”, com melhores redes de transporte público e “onde mais facilmente se pode dispensar o uso de automóvel individual”, assinalou.

Para a associação, 2024 tem de ser um ano “de viragem”, já que, para alcançar as metas climáticas para 2030, “as emissões do setor dos transportes têm de ser reduzidas dois por cento todos os anos, a partir do próximo ano”.

Um estudo realizado nos Estados Unidos referiu que o teletrabalho pode reduzir a pegada de carbono em até 58 por cento, em comparação com quem frequenta um escritório.

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