“Em prol de uma economia circular, Portugal precisa de uma indústria renovada”

A conferência “A Reindustrialização e a Transformação Circular” realizada ontem pela Associação Smart Waste Portugal, em parceria com a Fundação de Serralves e a Magellan e inserida no Projeto Be Smart - Be Circular, financiado pelo COMPETE 2020, concluiu que existe uma necessidade urgente de transformar a atual indústria levando-a à transição para uma economia circular.

Foram várias as empresas que se encontraram para discutirem e repensarem o estado da economia circular em Portugal. De acordo com o Eurobarómetro da Comissão Europeia (dados de 2017), as empresas têm vindo a tomar algumas medidas em termos de eficiência de recursos, tais como: a redução de resíduos, a poupança de energia, a poupança de materiais, entre outros.

Neste sentido, há espaço para melhorias nestes campos e na reciclagem e conceção de produtos que sejam mais fáceis de manter, reparar ou reutilizar. Quarente e um por cento das empresas nacionais refere que os custos de produção diminuíram, quando implementaram ações de eficiência de recursos.

Dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que o consumo de materiais internos aumentou 3,8 por cento em Portugal, mais de 1,1 por cento que o crescimento real do produto interno bruto (PIB).

“Note-se que em 2017 Portugal registou a sétima produtividade mais baixa associada à utilização de recursos da União Europeia. De salientar que uma transição para a economia circular poderá reduzir as emissões de GEE em 39 por cento e diminuir o uso de recursos virgens em 28 por cento. A transição de modelos lineares para modelos mais circulares encontra-se cada vez mais na ordem do dia, sendo que a oportunidade para melhorias neste campo é superior a 91 por cento”, lê-se em comunicado divulgado pela organização do evento.

Uma das principais conclusões do encontro prendeu-se com a necessidade de Portugal ter de apostar numa política industrial robusta, renovando as estratégias até então existentes, para alavancar valor acrescentado no setor industrial.

Estas estratégias podem traduzir-se no desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras, que respondam aos desafios da transição para uma economia circular e a afetação de recursos deve ser reorientada para a transição energética, digital e verde.

Importa para isso que ocorra uma requalificação e um forte investimento nas competências e capacitação de ativos, para que haja uma evolução dinâmica dentro da indústria e para que os objetivos relativos à economia circular sejam atingidos, especialmente nas Pequenas e Médias Empresas (PME) portuguesas.

“Portugal tem um tecido industrial muito significativo, por isso é fundamental promover a sua transição para uma economia circular. Consideramos que podemos ser autossuficientes no desenvolvimento de tecnologias e soluções de fecho de ciclo, envolvendo vários agentes que, para além de reduzirem a produção de resíduos, promovam a valorização destes e de subprodutos, criando valor. Queremos assim passar do conceito de resíduo para passar a falar de recursos. Apesar de Portugal estar abaixo da média europeia, as nossas PMEs já tomam medidas para serem mais eficientes na utilização de recursos e é este o caminho que queremos percorrer apoiando o nosso tecido empresarial enquanto uma entidade parceira neste compromisso”, afirmou o vice-presidente da Associação Smart Waste Portugal, José Melo Bandeira.

Este encontro teve como objetivo reforçar a importância do envolvimento da cadeia de valor na partilha de desafios, barreiras e de soluções. Serviu também para identificar novas oportunidades para promover a circularidade na economia portuguesa, trazendo as principais tendências de desempenho e de crescimento setorial, perspetivando e sistematizando as próximas linhas de ação para a transição para uma economia circular.

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