Ecologia

FOTO DGISLASON/ PIXABAY
A primeira vez que me interessei por Ecologia foi quando, há umas décadas, comprei um pequeno livro de bolso sobre o tema, da autoria de Dominique Simonet, “O que é a Ecologia”. Antes disso, o termo era algo vago para mim.
A certa altura do livro, o autor chama a atenção para uma frase que poderá ser dita por qualquer de nós quando presenciamos uma vista espetacular - “esta paisagem parece mesmo um postal!” – evidenciando o facto de dizermos o oposto do que acontece na realidade, visto que o postal “serve-se” da paisagem e não o inverso.
Foi uma forma simples de abordar a questão, mas foi o suficiente para prender a minha atenção. Por duas razões: primeira, porque é preciso muitas vezes inverter a nossa forma de ver para perceber o que realmente importa e, depois, porque a ecologia e tudo o que ela envolve deve constituir uma preocupação de qualquer cidadão e não apenas dum grupo de especialistas, por melhores que sejam. Para isso, o nosso discurso (dos especialistas) tem de ser simples, isto é, tem de ser fácil de perceber por aqueles a quem se dirige e motivador da mudança de comportamento. Mas esta é a parte fácil! A parte mais importante serão as medidas a adotar, que devem ser exequíveis e capazes de produzir resultados.
Apesar da legislação e das boas intenções, assiste-se amiúde a circunstâncias que demonstram que os pressupostos que deveriam enquadrar uma eventual decisão de investimento, lei ou regulamento, não existem ou carecem de sentido. Como é meu hábito, vou juntar um exemplo prático, apenas instrumental, para melhor explicitar o meu ponto de vista. Para isso, vou usar a bicicleta/trotineta e a promoção do seu uso para refletir sobre o tema.
Como sabemos, a bicicleta é um meio de transporte suave, amigo do ambiente, pelo que se justifica o incentivo ao seu uso e, quando adequado, a construção de ciclovias como forma de aumentar a sua utilização em segurança. Contudo, como sempre, será necessário perceber em que circunstâncias esta premissa é verdadeira, para não generalizarmos uma ideia que, sendo boa à partida, não será adequada em muitos casos, revelando-se antes dispendiosa e inútil.
Julgo que deveríamos interrogar-nos sobre algumas questões, que aqui deixo a título de exemplo:
1º O relevo do percurso da ciclovia é irrelevante ou inibidor duma utilização por pessoas comuns?
2º Existe espaço para a realização das ciclovias ou será necessária a ocupação dos passeios dos peões, impedindo a sua deslocação a pé ou aumentando o risco de atropelamento?
3º Há necessidade de utilizar materiais diferentes e mais dispendiosos no piso das ciclovias? Podemos andar a pé num piso que as rodas das bicicletas não suportam?
4º Qual o grau de utilização das ciclovias já construídas? Temos algum elemento de medição?
5º Quando o uso das bicicletas é feito em ruas ou estradas, em simultâneo com os veículos motorizados, podemos garantir que:
- os ciclistas têm noção das regras básicas do código da estrada?
- têm instrumentos de sinalização (luzes, coletes) sobretudo em circulação noturna?
- existem elementos mínimos de identificação (matrícula ou outro) do veículo (bicicleta, trotineta) para o caso de serem intervenientes em algum acidente (vítimas ou causadores)?
- têm seguro adequado para alguma ocorrência em que possam ser responsabilizados ainda que a culpa seja involuntária?
Parece-me que a resposta positiva a estas questões, ou pelo menos à maioria delas (...)
Leia o artigo completo na Indústria Ambiente nº 151, mar/abr 2025, dedicada ao tema "IoT e Ambiente" na Coluna Gestão e Economia
Consultor/Economista
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