Dia da Biodiversidade – ‘As nossas soluções estão na natureza’

O Dia Internacional da Biodiversidade, celebrado a 22 de maio, foi proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 2000 para aumentar a compreensão e sensibilização para as questões da biodiversidade.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), “cerca de 25% de todas as espécies animais e vegetais do mundo estão ameaçadas de extinção”. Assim, este ano, o Dia Internacional da Biodiversidade “tem como objetivo promover a sensibilização e esclarecer a importância da biodiversidade, bem como de outras questões globais relacionadas, tendo em vista a Convenção de Biodiversidade (CBD) da ONU”.

“Apesar de todos os nossos avanços tecnológicos, somos completamente dependentes de ecossistemas saudáveis e vibrantes para nossa saúde, de água, alimentos, medicamentos, roupas, combustível, abrigo e energia, só para citar alguns”, refere a CBD.

A escolha do mote ‘As nossas soluções estão na natureza’ tem como propósito “enfatizar a esperança, a solidariedade e a importância do trabalho em conjunto em todos os níveis para construir um futuro de vida em harmonia com a natureza”, acrescenta a CBD.

“A integridade do ecossistema pode ajudar a regular doenças, apoiando uma diversidade de espécies, tornando mais difícil um agente patogénico espalhar-se, ampliar-se ou dominar”, escreveu o PNUMA.

Estratégia de Biodiversidade 2030

A Comissão Europeia lançou, no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, a nova Estratégia de Biodiversidade para 2030, que consiste num plano abrangente e ambicioso a longo prazo para proteger a natureza e reverter a degradação dos ecossistemas.

Com o objetivo de recuperar a biodiversidade da Europa até 2030, a Estratégia estabelece novas maneiras de implementar a legislação existente de forma mais eficaz, novos compromissos, medidas, metas e mecanismos de governação, que incluem:

  • Transformar pelo menos 30 por cento das terras e mares da Europa em áreas efetivamente protegidas
  • Restaurar ecossistemas degradados em toda a União Europeia e reduzir as pressões sobre a biodiversidade, como, por exemplo, restaurar pelo menos 25 mil km de rios; melhorar o estado de conservação de pelo menos 30 por cento dos habitats e espécies protegidas; reduzir o uso dos pesticidas químicos mais perigosos em 50 por cento; plantar 3 mil milhões de árvores; travar e reverter o declínio das aves e insetos, sobretudo dos polinizadores.
  • Ativar um conjunto de medidas para possibilitar a mudança transformadora, pondo em movimento uma nova estrutura governativa fortalecida para garantir uma melhor implementação e acompanhar o progresso, aprimorando conhecimentos, financiamentos e investimentos, e respeitando a natureza das decisões públicas e empresariais.

Comemorações do Dia Internacional da Biodiversidade

Tendo em consideração a situação pandémica atual causada pelo novo coronavírus, as campanhas de comemorações serão, pela primeira vez, exclusivamente online.

Diversos países, como a França, Reino Unido, Irlanda, Paquistão, Butão, Camarões, Tunísia e Africa do Sul, estão a organizar diversos eventos, entre os quais webinars e concursos de fotografias.

Na Índia, a GUJCOST – Gujarat Council on Science & Technology está a organizar um festival de cinema sobre biodiversidade no seu canal de Youtube, para além de um questionário online, destacando a importância da biodiversidade para a humanidade e o desenvolvimento sustentável.

Já em Portugal, a associação ambientalista Quercus aproveitou o Dia Internacional da Biodiversidade para chamar a atenção para o declínio acentuado do mexilhão do rio em Portugal, apresentando um projeto que visa recuperar e proteger esta espécie ameaçada.

O projeto de recuperação e proteção do mexilhão de água doce teve início em 2018, mas só agora é que a Quercus veio tornar público este trabalho que “intervém diretamente sobre uma espécie criticamente ameaçada a nível nacional e europeu”, referiu em comunicado.

A Associação adiantou que o projeto tem como “objetivo final inverter o processo de declínio continuado e acentuado das suas populações e proteger e/ou recuperar os núcleos históricos desta espécie, constituindo-se ainda como o plano de referência orientador para os vários intervenientes no processo, nomeadamente a administração central”.

O Jardim Zoológico de Lisboa quis comemorar o dia organizando dois “Animal Talk” sobre o rinoceronte-branco (dia 22 de maio) e o ocapi (dia 23 de maio). Será apresentado por um educador do Jardim Zoológico e decorrerá no canal de Youtube do parque.

Para além destas atividades, o Jardim Zoológico programou ainda uma sessão online gratuita em que será dado a conhecer “as mais diversas estratégias de comunicação bem como interações únicas entre indivíduos”, lê-se na página do parque. A sessão decorrerá através da plataforma Zoom no dia 24 de maio.

Também a Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas (ANIPLA) quis assinalar a data relembrando o papel da agricultura na defesa da segurança alimentar e ambiental.

Num ano em que também se assinalam as celebrações da Sanidade Vegetal, a segurança alimentar assume um papel central e, em plena crise, o sector agroalimentar prova a sua importância na preservação e segurança ambiental. enquanto faz chegar alimentos seguros a uma população que não para de crescer. “Aumentar a produtividade agrícola enquanto se mantém, ou promove a biodiversidade, representa um enorme desafi­o para a humanidade e faz dos agricultores os verdadeiros guardiões da terra”, afirmou a ANIPLA.

Produzir a quantidade de alimentos necessária, assegurando a defesa dos solos, altamente ameaçados pelas alterações climáticas e outros fatores externos, é uma luta efetiva, assumida na linha da frente pelo sector agrícola. Trabalhar sem parar, com necessidades crescentes e num combate permanente a doenças, pragas e infestantes, que teimam em pôr em causa os níveis de produção, lembra-nos, uma vez mais que é fundamental aliar ciência e tecnologia, num universo cada vez mais exposto a eventos com consequências ambientais imprevisíveis e inesperadas.

Para a ANIPLA, perante um cenário de pandemia como o que se vive atualmente, adensa-se, talvez mais do que nunca, a importância do sector agrícola e da indústria na defesa de um lugar que é de todos: o planeta. Confrontados com crescentes necessidades e desafios, e em permanente evolução, voltam a sobrepor-se as questões: como poderemos alimentar-nos a todos, evitando a sobrecarga dos recursos? E assegurar alimentos seguros, perante um território que não expande? Não sendo uma resposta fácil, no dia em que se assinala a defesa da biodiversidade, a ANIPLA relembra: a adoção de metodologias e o uso de ferramentas que assegurem a melhor gestão agrícola podem ser fator chave no combate aos inimigos das culturas (evitando perdas),  na preservação e manutenção da fauna, flora e de uma alimentação segura. A adoção de boas práticas agrícolas e o apoio da investigação e da ciência, correm lado a lado neste permanente caminho de proteção da biodiversidade.

Para o diretor executivo da ANIPLA, António Lopes Dias, “importa marcar esta e outras datas, associadas à defesa do planeta, relembrando que alimentar toda a população de forma segura e suficiente não é um dado adquirido. Há uma necessidade que urge, de dia para dia, de combater a fome a nível global, otimizando os recursos e a sua exploração, pelo que, governos, indústria, produtores, ciência e tecnologia são chamados a alinhar-se perante um desafio cada vez maior: alimentar o planeta, preservando em simultâneo as respetivas espécies. Mais do que nunca, só trabalhando a uma só voz e com metas transversais conseguiremos alcançar estes objetivos e mudar o paradigma da perceção que hoje tem junto de grande parte da opinião pública”.

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