Comércio a retalho e grossista controla apenas 2% das suas emissões de CO2

Fotografia: Freepik

Noventa e oito por cento das emissões europeias de carbono provêm das atividades dos produtores e fabricantes e da energia consumida após a compra de um produto, controlando o setor do comércio a retalho e grossista apenas os restantes dois por cento.

A conclusão é de um estudo da consultora estratégica Oliver Wyman, do grupo Marsh McLennan, e da EuroCommerce, organização europeia que representa o setor retalhista e grossista, que analisou a escala de carbono nas cadeias de valor do comércio a retalho e grossista europeu em cinco subsetores: alimentação e bebidas, saúde e beleza, têxtil e confeção, eletrónica e casa e bricolage.

De acordo com o trabalho – que analisou dados de mais de 25 empresas e associações empresariais “líderes de mercado” – “98 por cento das emissões europeias de carbono do setor são resultado das atividades dos produtores e fabricantes ao longo de toda a cadeia de valor e da energia consumida após a compra de um produto (emissões de Âmbito 3)”, o que “quer dizer que apenas dois por cento dessas emissões resultam de operações diretas ou de energia consumida pelo setor (categorias de Âmbito 1 e 2)”.

O estudo identifica os maiores obstáculos no caminho para as emissões líquidas zero e aponta recomendações para o futuro, que englobam “investimentos essenciais em mobilidade sustentável, infraestruturas, na indústria pesada, na agricultura e em economia circular”.

Até 2030, a União Europeia (UE) pretende reduzir as suas emissões líquidas de gases com efeito de estufa em 55 por cento em relação aos níveis de 1990. No entanto, em 2022, apenas foi alcançada uma redução de 33 por cento.

Apontando que, para cumprir a meta da UE, o setor retalhista e grossista europeu “deve acelerar imediatamente os seus esforços de descarbonização”, o trabalho destaca quatro recomendações prioritárias nestas áreas: apostar na transparência e estabelecer padrões para quantificar as pegadas de carbono; melhorar os planos de descarbonização ao longo da cadeia de abastecimento; focar em setores de baixa sustentabilidade e atividades com alto impacto de carbono; e informar os consumidores sobre o impacto de carbono das suas escolhas, para promover decisões mais sustentáveis.

Na Europa, o comércio a retalho e grossista emite anualmente 1,6 giga toneladas de dióxido de carbono, o que equivale a um terço da pegada de carbono europeia.

Embora considere que “alguns segmentos comerciais já conseguiram avanços significativos na monitorização e na redução das suas emissões, especialmente nas de Âmbito 1 e 2”, o estudo destaca “a necessidade de intensificar esforços globais ao nível do setor e em toda a cadeia de valor, pois só assim será possível vir a registar zero emissões líquidas”.

O estudo salienta ainda que, “para uma real identificação e redução das emissões de Âmbito 3, é essencial desenvolver uma metodologia europeia e setorial alinhadas”.

“Só assim é que as organizações conseguirão superar os desafios que hoje enfrentam, unir os seus esforços e alocar investimento à redução da sua pegada de carbono”, enfatiza.

Neste sentido, o estudo indica oito fatores que permitirão acelerar o caminho até às zero emissões líquidas: a definição de uma metodologia padrão para os cálculos de emissões de Âmbito 3; um sistema que permita um melhor acesso a todos os dados da cadeia de abastecimento e consumo; a implementação de um enquadramento regulatório claro e confiável; uma mais rápida difusão das atuais medidas de descarbonização; mais inovações tecnológicas e de infraestrutura; uma maior adoção de opções sustentáveis por parte dos consumidores; modelos de ESG “mais robustos”; e uma maior colaboração entre toda a cadeia de valor.

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