Baterias inovadoras com dificuldade em entrar no mercado

As baterias de design inovador são um caminho para os veículos abandonarem os combustíveis fósseis. Ainda assim, a entrada de novas baterias no mercado não tem sido fácil, de acordo com o estudo “Start-ups as technology life cycle indicator for the early stage of application: An analysis of the battery value chain”, publicado no Journal of Cleaner Production.

Nos últimos 100 anos, apenas quatro tipos de baterias foram usadas: óxido de manganês, chumbo ácido, níquel e iões de lítio, esta última introduzida apenas em 1991. De modo a perceber de que forma a inovação evolui da investigação e desenvolvimento ao mercado, os cientistas usaram a avaliação de ciclo de vida, focando-se frequentemente na investigação e desenvolvimento e na investigação básica. O estudo acrescenta um indicador adicional, as start-ups, de forma a explorar melhor a fase inicial da transição entre a investigação e o mercado.

Os investigadores realizaram a análise de ciclo de vida em baterias de iões de lítio. Apesar de introduzidas em 1991, estas baterias apenas entraram em força no mercado a partir de 2000. Os dados recolhidos abrangem o período 2000-2014. A nível de energia e densidade, os investigadores concluíram que a performance é suficiente para usar em carros totalmente elétricos de forma competitiva, mas o custo associado ao fabricante original do equipamento dificulta a sua entrada massiva no mercado. As alternativas terão de estar focadas no baixo preço em vez da densidade energética, o que também torna a entrada no mercado mais desafiante. No entanto, não se perspetiva, na próxima década, uma alternativa a desafiar verdadeiramente o lítio, apontam os investigadores.

Além de todo o processo de revisão de literatura e de investigação de patentes, os investigadores recorreram ao indicador “start-ups” para caracterizar a forma como as baterias são usadas nesse tipo de empresa, antes dos lançamentos oficiais. Os indicadores foram analisados através do uso de palavras-chave em quatro bases de dados diferentes. As duas start-ups que integraram o estudo foram classificadas segundo as etapas da cadeia de valor das baterias: Materiais, componentes, sistema e aplicação. Desta forma, é possível identificar potenciais obstáculos à transferência de tecnologia.

A análise de ciclo de vida descreve e analisa padrões de evolução tecnológica e de indústria ainda antes do surgimento de indicadores. Os melhoramentos introduzidos nas baterias são lentos e ocorrem ao longo de décadas, pelo que estes padrões de evolução correspondem a um período de tempo razoável.

Os investigadores concluíram que há 37 start-ups a operar no campo das baterias de lítio, mas deste conjunto, 32 estão a empreender mudanças nos modelos de bateria existentes, e apenas cinco estão a desenvolver e a fabricar, por exemplo supercondensadores.

Para as start-ups, há diversas barreiras à inovação, como o decréscimo do preço das baterias de lítio, o que aumenta a pressão financeira sobre as cadeias de valor, os tempos de desenvolvimento demasiado longos para as start-ups, sobretudo combinados com a pressão dos produtores de baterias, que querem materiais estáveis.

No que concerne aos telemóveis, tendo em conta que os fabricantes têm uma atitude bastante protetora em relação aos seus processos, as start-ups não têm acesso aos respetivos fluxos de trabalho, por isso enfrentam obstáculos à inovação. No caso dos automóveis, os atuais fabricantes ainda não desenvolveram todas as competências necessárias a nível de veículos elétricos, o que abre potencial às start-ups.

A transferência para o mercado de tecnologia nova e sustentável encontra frequentemente obstáculos, como sejam a existência de tecnologias mais estabilizadas e mais económicas, pelo que a introdução de novas tecnologias, de baterias ou outros âmbitos, poderá beneficiar de políticas específicas, subsídios ou quotas de implementação.

Newsletter Indústria e Ambiente

Receba quinzenalmente, de forma gratuita, todas as novidades e eventos sobre Engenharia e Gestão do Ambiente.


Ao subscrever a newsletter noticiosa, está também a aceitar receber um máximo de 6 newsletters publicitárias por ano. Esta é a forma de financiarmos este serviço.