Alterações climáticas comprometem o desenvolvimento sustentável

As alterações climáticas estão a afetar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas (ONU), revelou um relatório internacional, que adiantou que apenas 15 por cento das metas da Agenda 2030 estão no bom caminho.

O relatório ‘United in Science’ [Unidos na Ciência], elaborado por agências internacionais e coordenado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), analisa o impacto das alterações climáticas e de condições meteorológicas extremas, abordando a forma como a ciência relacionada com o clima e a água pode fazer avançar objetivos como segurança alimentar e da água, energia limpa, uma melhor saúde, oceanos sustentáveis e cidades resilientes.

Em conferência de imprensa, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou que 2023 tenha mostrado “demasiado claramente” que as alterações climáticas “estão aqui”, salientando que o aumento das temperaturas está a ter consequências graves na terra e no mar, além da maior ocorrência de fenómenos meteorológicos extremos.

“Sabemos que isto é apenas o início e que a resposta global está a ser insuficiente. Entretanto, a meio caminho do prazo de 2030 para os ODS, o mundo está lamentavelmente fora do caminho”, alertou António Guterres, que acrescentou que a ciência é “fundamental” para as soluções necessárias para o avanço no cumprimento das metas.

De acordo com o documento, entre 1970 e 2021 foram reportadas cerca de 12 mil catástrofes devido a fenómenos meteorológicos, climáticos e hídricos extremos, resultando em mais de dois milhões de mortes e 4,3 mil milhões de dólares em prejuízos. Mais de 90 por cento das mortes e 60 por cento das perdas económicas ocorreram em economias em desenvolvimento.

O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, disse que a comunidade científica está unida, vincando que o desenvolvimento tecnológico – como modelos climáticos de alta resolução ou inteligência artificial – podem potenciar o cumprimento dos ODS e que o “Alerta Rápido para Todos 2027” – uma iniciativa lançada no ano passado por António Guterres – vai salvar vidas.

O relatório explica ainda como previsões meteorológicas ajudam a aumentar a produção alimentar e a reduzir a fome, enquanto a integração da epidemiologia e da informação climática ajuda a antecipar doenças sensíveis ao clima, enquanto os sistemas de alerta precoce podem atenuar a pobreza, com as pessoas a terem a oportunidade de se prepararem para os impactos.

A probabilidade de a temperatura média global próxima da superfície exceder temporariamente 1,5 graus acima dos níveis pré-industriais [limite a partir do qual os impactos das alterações climáticas poderão ser catastróficos] num dos próximos cinco anos é já de 66 por cento, sustenta o documento, que refere também que as emissões globais de gases com efeito de estufa devem ser reduzidas 45 por cento para limitar o aquecimento a 1,5 graus até 2030 e que as emissões de dióxido de carbono têm de se aproximar do zero até 2050.

Neste contexto, a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, Inger Andersen, defendeu que a ciência continua a mostrar que “não está a ser feito o suficiente” para cumprir os objetivos do Acordo de Paris sobre redução de emissões.

“Enquanto o mundo se prepara para o primeiro balanço global na COP28, temos de aumentar a nossa ambição e ação, e todos temos de fazer o que pudermos. Um verdadeiro trabalho para transformar as nossas economias através de uma transição justa para um futuro sustentável para as pessoas e o planeta”, concluiu.

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