Algarve vai ter 1º aproveitamento hidroagrícola de múltiplas origens do país

O Algarve deverá ter até 2025 o primeiro sistema de aproveitamento hidroagrícola de múltiplas origens em Portugal, que usará água proveniente de três fontes distintas, disse o diretor regional de Agricultura e Pescas, Pedro Valadas Monteiro.

O projeto-piloto prevê a requalificação de furos para aceder a aquíferos que nos últimos anos melhoraram a capacidade e a distribuição de águas residuais tratadas, desde a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Vila Real de Santo António até aos “reservatórios” de “duas grandes explorações agrícolas” do sotavento (este) algarvio.

“Na prática, vamos ter ali [no sotavento] o primeiro aproveitamento hidroagrícola em solo nacional que vai ter três origens diferentes de água – águas superficiais, subterrâneas e residuais tratadas”, afirmou Pedro Valadas Monteiro.

Com um custo estimado de entre três a quatro milhões de euros, o projeto é uma das “intervenções mais estruturais” previstas no Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve, para o qual estão destinados 200 milhões de euros provenientes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Entre as medidas previstas no plano regional estão a captação de água a partir do rio Guadiana ou a instalação de uma estação de dessalinização, investimento que, “para a agricultura, não é uma medida com aplicação direta, porque o mar está muito longe dos locais onde se faz agricultura e os custos de elevação dessa água são muito grandes”, referiu.

No entanto, ao libertar consumo por parte de outros utilizadores, nomeadamente, a água disponível nas barragens, “fica mais para a agricultura”, frisou Pedro Valadas Monteiro, classificando como “um projeto inovador a nível nacional” o aproveitamento dessa água, juntamente com a de fontes subterrâneas e águas residuais tratadas, para permitir a rega de 500 a 600 hectares de culturas como o abacateiro.

Aquele responsável explicou que estão a “ser reabilitados furos em dois aquíferos que estavam em mau estado”, mas “recuperaram”, permitindo que a sua água possa agora ser utilizada “para reforçar ou para poupar água da barragem”, enquanto as águas residuais tratadas da ETAR de Vila Real de Santo António vão ser utilizadas para “a rega de parte de algumas explorações agrícolas que estão mais próximas” da estação.

Pedro Valadas Monteiro adiantou que a reabilitação dos furos destinados a este sistema “já está a ser feita” e as verbas para a “distribuição da água da ETAR de Vila Real de Santo António para o reservatório de duas explorações muito grandes” de abacateiros “já estão inscritas e previstas no Plano Regional de Eficiência Hídrica, que é alimentado por verbas do PRR”.

Ao contar com verbas do PRR “quer dizer que até 2025 têm de estar executadas” as intervenções necessárias, salientou, referindo-se ao ano em que todos os investimentos realizados ao abrigo desse plano têm de estar feitos.

O projeto tem como parceiros a Associação de Regantes do Sotavento do Algarve, a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, a Agência Portuguesa do Ambiente/ARH do Algarve e a Direção-Geral da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, assim como a Águas do Algarve, entidade que gere o sistema das barragens de Odeleite e Beliche, as duas que existem na zona este da região.

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