África e América do Sul perderam floresta, Europa ganhou

  • 03 janeiro 2022, segunda-feira
  • Solos

África e América do Sul e Caraíbas são as regiões do mundo que maior percentagem de floresta perderam nos últimos 30 anos, com a Europa a assinalar uma reflorestação, ainda que Portugal seja uma das poucas exceções.

De acordo com os números divulgados na plataforma online “Visual Capitalist”, que compila dados mundiais sobre áreas que vão da economia global aos mercados, tecnologia, saúde ou ambiente, Portugal perdeu em 30 anos 2,6 por cento das suas florestas, ao contrário de Espanha, que ganhou mais 33,6 por cento.

A plataforma faz um balanço mundial da florestação e desflorestação nos últimos 30 anos e conclui que 43 por cento dos países viram as suas florestas reduzidas, 38 por cento ganharam área florestal e 19 por cento mantiveram-se igual.

Desde 1990 o mundo perdeu mais de quatro por cento das suas florestas, uma área equivalente a metade da Índia.

Por continente, indicam os dados da plataforma, África perdeu 16,64 por cento das suas florestas (Argélia, Marrocos e Egito ganharam floresta mas são exceções), com a Costa do Marfim a apresentar a maior desflorestação, 63,9 por cento. Angola e Moçambique perderam cerca de 15 por cento cada.

A América do Norte e Central tiveram no total uma pequena variação (perderam desde 1990 0,27 por cento das suas florestas), mas a América do Sul e Caraíbas são a segunda região do mundo com mais desflorestação em 30 anos, (15,4 por cento).

Neste continente destaca-se pela positiva o Uruguai, que mais do que duplicou a área florestal (aumentou 154,5 por cento), e pela negativa países como a Argentina, Brasil e Paraguai, com grandes percentagens de desflorestação.

Na Europa, com um aumento de 2,26 por cento de florestas, sobressaem a Islândia e a Irlanda como países onde as florestas mais aumentaram. E se a Oceânia não teve alterações, a Ásia foi o continente com maior aumento florestal desde 1990, (6,10 por cento), tendo só a China aumentado a florestação em 40 por cento.

Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura estiveram na base do cálculo da mudança florestal líquida por país e região, diz a plataforma, cujos responsáveis lembram que as florestas, que ocupam atualmente 31 por cento da superfície terrestre total, são as grandes captoras de carbono e fundamentais para habitats da vida selvagem e para recursos vitais para os humanos.

Na análise nota-se que, embora a perda líquida de floresta em todo o mundo seja muito grande, a taxa de perda de floresta abrandou nas últimas três décadas. Ainda assim, países da América do Sul e de quase toda a África continuam a aumentar a desflorestação.

A plataforma dá como exemplo o Brasil, cuja perda de floresta amazónica se deve em grande parte à utilização da terra para criar gado.

“Estima-se que 80 por cento da área de terra desmatada da Amazónia tenha sido substituída por pastagens, sendo que a produção de carne de bovino resultante é conhecida por estar entre as piores carnes para o ambiente em termos de emissões de carbono”, lê-se na plataforma, que destaca outro “grande motor” de desflorestação, a agricultura de sementes e óleo de palma, concentrada na Indonésia e Malásia.

Por países e em termos de quantidade de área desflorestada o Brasil aparece em primeiro lugar, seguido da Indonésia, da República Democrática do Congo, de Angola e da Tanzânia. Por percentagem da perda florestal em relação ao total de floresta surge como maior perdedor o Paraguai (37 por cento), seguido de Myanmar (27,22 por cento) e Indonésia (22,28 por cento).

No documento nota-se que em cada dólar investido na restauração da paisagem há um retorno até 30 dólares e que reduzir a desflorestação é uma das formas de atingir os objetivos climáticos, sem contar que as florestas são o maior habitat e fonte de biodiversidade, lar de quase 70 milhões de povos indígenas e subsistência de 1,6 mil milhões de pessoas.

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