Triagem automática da Lipor é a próxima etapa de um caminho que se quer “sem pedras”

A Lipor inaugurou esta segunda-feira a sua Unidade de Triagem Automática de Embalagens, um investimento de nove milhões de euros (financiado pelo POSEUR) que permite dotar esta entidade gestora da instalação deste tipo de maior capacidade instalada da Península Ibérica.

A digitalização e a inovação são os pontos-chave da nova instalação, dividida em três zonas: uma zona de receção de materiais, outra de operações mecânicas e uma terceira para a separação de outros fluxos.

Com esta unidade, será possível processar um volume mínimo de oito toneladas de embalagens por hora, o que equivale a uma capacidade de tratamento anual de mais de 30 mil toneladas.

A instalação dispõe de uma sala de controlo com sistema CCTV e gestão centralizada que permite verificar eventuais problemas. O balanço de massas é feito em tempo real e a gestão do enfardamento é automática. Há também equipamentos com sensores de segurança, e é possível aceder remotamente aos equipamentos e, desta forma, acelerar a correção de problemas.

Lipor poderá ter terceira linha de valorização energética

O presidente do Conselho de Administração da Lipor, José Manuel Ribeiro, aproveitou a cerimónia para apelar ao Governo (representado pelo Secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires) que remova “as pedras” do caminho em direção às metas do PERSU e aos objetivos ambientais que urge cumprir. As pedras a que José Manuel Ribeiro se referia dizem essencialmente respeito ao acesso a financiamento para a implementação de projetos que permitam aumentar a capacidade de valorização da Lipor, uma preocupação que Hugo Pires secundou ao mostrar a disponibilidade do Governo para acrescentar uma terceira linha à central de valorização energética de que a Lipor já dispõe. À Indústria e Ambiente, José Manuel Ribeiro congratulou-se por ter ouvido, “pela primeira vez”, esta disponibilidade da boca de um governante. Ainda assim, o responsável frisa que é necessário saber de onde vem o apoio, quer financeiro (por exemplo com a sinalização, por parte do Estado, do investimento como prioritário junto do banco Europeu de Investimento), quer de licenciamento por parte da APA.

Mas a intenção do Governo não se esgota nesta medida nem na área de influência da Lipor. Está também prevista a possibilidade de os municípios receberem de volta 30 % da TGR, em troca de investimento na gestão de resíduos.

No sentido de fazer acompanhar a valorização energética de um aproveitamento competitivo do gás produzido, o Secretário de Estado do Ambiente manifestou ainda a disponibilidade para que venha a haver, “noutros sítios do país”, projetos que possam ligar-se à rede de gás e, deste modo, equilibrar a tarifa.

Lembrando que a meta de deposição em aterro para 2035 é de 10 %, Hugo Pires referiu também o futuro alargamento da recolha seletiva a novos fluxos - monos, têxteis e cortoperfurantes, bem como a implementação do sistema Pay-As-You-Throw (PAYT) na restauração já em 2025.

A propósito da deposição em aterro, José Manuel Ribeiro vincou que a meta da Lipor é “Zero Aterro”, o que, na prática, já não anda longe da realidade. À Indústria e Ambiente, o presidente do Conselho de Administração da Lipor lembra que a taxa atual da Lipor já é inferior a 1 %, e esse valor é, na verdade, técnico, já que “tem a ver com a operação da central”. Uma parte do valor relaciona-se com as escórias que, com a devida autorização, poderão ser usadas como material para pavimentação.

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