Gestão integrada dos recursos hídricos: o mapa da adaptação às alterações climáticas

Fotografia: Will Henson_Unsplash

As alterações climáticas têm um impacto significativo nos recursos hídricos, afetando a disponibilidade e a qualidade da água. Em Portugal, é esperada uma diminuição da precipitação e do escoamento no sul do país e um aumento da sua variabilidade, o que a conduzirá a uma maior escassez hídrica e a um aumento da frequência e severidade das situações de cheia e de seca. Estes cenários acentuam os desafios históricos da gestão de água em Portugal, nomeadamente a irregularidade da precipitação e do escoamento, o desfasamento espacial e temporal entre as necessidades e as disponibilidades de água, e a elevada dependência dos caudais provenientes de Espanha, que partilha connosco os mesmos desafios, de forma ainda mais vincada. Embora estes cenários tenham sido apresentados há mais de 20 anos, nomeadamente através dos projetos SIAM, o país tardou a aceitá-los e a concretizar as medidas que foram sendo propostas em sucessivas estratégias de adaptação às alterações climáticas.

Mas nos últimos anos assistiu-se a uma alteração muito significativa na nossa consciência coletiva. Gradualmente, tornou-se claro que os cenários de alteração climática avançados há 20 anos não eram falsos, nem exagerados, e o ceticismo inicial, ou mesmo o negacionismo de muitos, foi sendo substituído pelo reconhecimento de que o clima está diferente. Os episódios de seca que têm assolado Portugal no passado recente têm contribuído de forma decisiva para esta nova atitude. Entre os 10 anos mais secos desde que há registos, seis ocorreram depois do ano 2000. O último ano hidrológico foi o terceiro ano mais seco e no atual ano hidrológico de 2023/24 a seca persiste no sul do país, com especial acuidade na bacia hidrográfica do rio Mira e no Algarve.

A maioria concorda que é necessário desenvolver uma estratégia ambiciosa e consequente para enfrentar esta realidade e a discussão foca-se agora sobre o tipo de medidas que melhor respondem ao desafio que enfrentamos, a velocidade com que devem ser concretizadas e como devem ser financiadas. Esta postura é um ativo importante quando precisamos de desenhar um conjunto de reformas que, pela sua natureza e custo, terão impactos significativos na nossa sociedade. Aproveitemos esse bom ponto de partida para procurar compromissos. (...)

Por Rodrigo Proença de Oliveira, Departamento de Engenharia Civil, Arquitectura e Ambiente, Instituto Superior Técnico – Universidade de Lisboa

Artigo completo na Indústria e Ambiente nº144 jan/fev 2024, dedicada ao tema 'A COP e as alterações climáticas'

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