Atlas da Desertificação: repensar a gestão sustentável

A Comissão Europeia, através do Joint Research Centre, lançou um novo Atlas Mundial da Desertificação, 20 anos depois da última edição.

Neste período, ocorreram diversas alterações no panorama global, em termos de expansão humana e consequente impacto no ambiente. Houve também progressos na forma como são entendidas as interações entre os seres humanos e ambiente.

Segundo o Joint Research Centre, este atlas marca uma diferença significativa em relação ao anterior em matéria de informação científica e entendimento da realidade. Os investigadores viram-se confrontados com a complexidade do fenómeno de degradação dos solos e os fatores humanos que levam a isso e também os que são consequência disso.

O resultado desta análise materializou-se num atlas que, ao invés de tentar criar um modelo global que não proporcionasse informação útil a nível local e regional, oferece uma abordagem que abraça estas complexidades e procura proporcionar um quadro informativo a partir do qual seja possível procurar soluções para atacar problemas específicos de diferentes lugares.

Focos deste atlas

Padrões globais de dominação humana, onde se destaca o papel do Homo sapiens como causa maior das mudanças ambientais;

Alimentar uma população em crescimento global – a capacidade para alimentar 10 a 12 biliões de humanos até ao fim do século é um dos grandes desafios que a humanidade enfrenta, e que cria um fardo pesado sobre o solo;

Limites à sustentabilidade, definida como “o desenvolvimento que vai de encontro às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações em satisfazer as suas próprias necessidades”. Segundo os investigadores, há numerosos obstáculos que se colocam ao cumprimento destes objetivos;

 Convergência da evidência – muitas das alterações ambientais induzidas de forma antropogénica podem ser medidas a combinação dos seus efeitos constitui um indicativo das pressões que as pessoas exercem sobre os solos. O atlas mapeia esta complexidade ao adotar a ideia de que a evidência ou os sinais oriundos de múltiplas fontes de informação podem convergir, conduzindo ao desenvolvimento de hipóteses passíveis de serem testadas e/ou conclusões suportadas por dados. A convergência de mapas de evidência substitui os “mapas de desertificação” adotados nas duas edições anteriores;

Necessidade de identificar potenciais soluções para a degradação dos solos, que devem ser implementadas no contexto de condições locais sociais, económicas e políticas.

Tendências globais

Em 2050 a população global terá excedido 9 biliões de pessoas. Para acompanhar este crescimento em termos de necessidades alimentares e energéticas, a pressão sobre os recursos finitos será tremenda. As políticas deverão ter em conta as seguintes tendências:

- Urbanização: A proporção de população a residir em áreas urbanas continuará a crescer, particularmente em zonas áridas. As áreas urbanas e a sua infraestrutura de suporte vai continuar a consumir solos produtivos em termos agrícolas;

- Alterações climáticas: O clima global deverá tornar-se mais quente e seco. Este fator, aliado ao crescimento das áreas urbanas, vai fazer com que os efeitos deste aumento da temperatura sejam especialmente sentidos nestas áreas, sobretudo nas mais áridas;

- Mudança de padrões alimentares: Ao longo dos últimos 50 anos, o aumento do rendimento da população provocou uma mudança que afastou as pessoas dos alimentos essencialmente derivados de plantas para as aproximar dos produtos de origem animal, o que exerce uma grande pressão sobre os recursos.

Consulte o documento em https://wad.jrc.ec.europa.eu/introduction

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