Uma rota de sustentabilidade para o transporte marítimo

O transporte marítimo é um pilar importante do comércio internacional, sendo responsável por 90 % do transporte de mercadorias de todo o mundo. Ao nível da União Europeia (UE), o transporte marítimo representa cerca de 77 % do transporte de todas as mercadorias importadas e exportadas. Infelizmente, esta importância económica é acompanhada de impactes igualmente significativos, mas negativos, que vão desde os poluentes atmosféricos e as emissões globais de gases com efeito de estufa (GEE) até aos resíduos, à poluição marinha e à introdução de espécies invasoras.
É esperado que o comércio marítimo triplique os volumes atuais até 2050 e, como tal, levanta-se a questão: será que o crescimento económico contínuo e o aumento da atividade marítima são sustentáveis? Para enfrentar a crise climática, é importante desconstruir a noção de que o nosso bem-estar está indissociavelmente ligado ao crescimento económico, e esta reflexão também se aplica ao setor marítimo, que tem uma ligação estreita e intrínseca com a economia mundial. Contudo, devido à inevitável dependência de algumas regiões e países insulares face ao transporte marítimo para a sua própria subsistência, o caminho para uma inversão do crescimento contínuo deste setor tem de ser cuidadosamente avaliado e preparado.
Como os navios têm um tempo de vida útil de cerca de 20 a 30 anos, a descarbonização da indústria marítima tem de começar imediatamente se queremos efetivamente reduzir os impactes ambientais, climáticos e sociais negativos e alinhar o setor com os objetivos do Acordo de Paris. Face à emergência climática, torna-se evidente que mudar o status quo é agora inevitável, mas a questão que se coloca é: Que soluções podem ser efetivamente aplicadas? (...)
Por Carolina Silva, Project Officer Zero
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