40 por cento da platina usada em conversores não é reciclada

Os conversores catalíticos são um componente importante para os automóveis do ponto de vista ambiental, dado que reduzem as emissões no tubo de escape. Um dos materiais que compõem estes conversores é a platina. De acordo com o estudo Closing the loop on platinum from catalytic converters: Contributions from material flow analysis and circularity indicators, publicado no Journal of Industrial Ecology, 69 por cento da procura de platina é para este fim. Só que segundo o mesmo estudo, cerca de 40 por cento desta platina não é reciclada.

A acompanhar estes dados, tem-se registado um aumento da procura por platina, para responder às exigências da Comissão Europeia em matéria de controlo de emissões e também para o fabrico de células de combustível em carros elétricos.

À produção de um kg de platina de fontes primárias corresponde a emissão de 40 toneladas de CO2 e o consumo de 200 gigajoules de energia. Comparativamente, a produção de um kg de platina proveniente de fontes secundárias, ou seja, recicladas, emite apenas 2 toneladas de CO2 e consome 10 GJ de energia.

Além disso, os investigadores assumem a platina como um poluente, embora reconheçam a necessidade de se estudar mais a fundo os seus impactos ecológicos e na saúde. Sabe-se, no entanto, que os custos económicos e ambientais aumentam à medida que o material se torna mais difícil de extrair.

O ciclo de vida da platina

Os investigadores propõem mapear a cadeia de valor da platina de fonte primária, isto é, o percurso que se inicia na mina, passa pela produção, pelo uso e finalmente pelo tratamento de fim de vida e reciclagem. Foram identificados os stakeholders associados a cada etapa deste processo, e foi calculada a quantidade de platina que escapa a esta cadeia de valor, nunca chegando à fase da reciclagem.

A análise recorreu a dados de 2017 para os 28 Estados-Membros e incluiu fontes técnicas, industriais e relatórios de mercado, publicações académicas e agências governamentais e ambientais, e permitiu concluir que 14,2 toneladas de platina escaparam desta cadeia de valor europeia, o que representa 39 por cento de toda a platina de fonte primária que entrou no sistema. A maior perda (9,2 toneladas) ocorre quando os veículos chegam à fase de fim de vida e não são tratados em oficinas licenciadas, sendo dados como “veículos em fim de vida desaparecidos”. Segundo os investigadores, as maiores perdas de platina podem explicar-se pelo deficiente sistema de recolha de conversores catalíticos e também pela exportação ilegal de veículos em fim de vida, maioritariamente para o leste da Europa e norte de África. Três toneladas e meia perdem-se durante a utilização (por reações químicas, por exemplo). Durante a própria preparação para a reciclagem perde-se 1,1 toneladas e 0,4 perdem-se já com o processo de reciclagem a decorrer.

Os investigadores concluem, por isso, que é necessário aumentar as taxas de recolha, recuperação e os inputs de platina de fonte secundária na cadeia de valor deste material. Por outro lado, identificar os stakeholders associados a cada etapa do processo ajuda a construir uma rede que pode ser decisiva para uma abordagem de ciclo de vida deste material. Um caminho que, aparentemente já foi feito pelo setor industrial, onde 90 por cento da platina é reciclada.

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