Parque de S. Paio localizado junto ao Estuário do Douro custa 3,5 ME

A intervenção no Vale de S. Paio, em Vila Nova de Gaia, custa 3,5 milhões de euros, indicou o presidente da autarquia, garantindo que os acessos à Reserva Natural Local do Estuário do Douro (RNLED) manter-se-ão condicionados.

Após inaugurar a primeira fase da intervenção num espaço de oito hectares, o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, explicou que já foram intervencionados três hectares de terreno, num total de 1,2 milhões de euros investidos, e se seguirá a segunda fase, num total de 3,5 milhões.

Questionado sobre as polémicas que no passado marcaram esta obra, uma vez que o novo parque de S. Paio está localizado junto à RNLED, o autarca garantiu que o acesso à reserva manter-se-á condicionado com as vedações existentes e maior fiscalização.

O parque de S. Paio, localizado em Canidelo, concelho de Vila Nova de Gaia, é uma obra da responsabilidade de Sidónio Pardal, o mesmo arquiteto que concebeu o Parque da Cidade do Porto.

Foi agora inaugurada a zona mais próxima do estuário do Douro, local de fruição com espaços verdes e de convívio que soma uma ciclovia e zonas de descanso. Seguir-se-á a intervenção numa mancha arbórea que se localiza mais no interior do parque, local onde serão feitos caminhos e uma cafetaria.

“Esta era uma zona, antes de silvado, que tinha de ser preservada, obedecendo a especificidades. Na segunda fase, a mancha arbórea já está consolidada e o tipo de intervenção é diferente. Esta obra está a ser levada a cabo com respeito pelas peças emblemáticas. Estamos a fortalecer os espaços públicos abertos e disponíveis para quem quiser utilizar”, referiu Eduardo Vítor Rodrigues.

O autarca também destacou que os espaços verdes estão a ser mais valorizados hoje em dia, lembrando os períodos de confinamento associados à pandemia da Covid-19.

Sidónio Pardal apontou que procurou fazer com que a vista sobre o estuário “ficasse mais expressiva” e que o “grande desafio foi transformar tudo, de forma a que tudo ficasse na mesma”.

O Vale de S. Paio localiza-se junto ao Estuário do Douro, onde, de acordo com várias associações ambientais, existe um habitat de espécies protegidas, entre as quais o lagarto-de-água.

Em 2017, a Câmara de Vila Nova de Gaia lançou concurso e, em março de 2019, foi aprovada por unanimidade a adjudicação de uma parte da obra.

Em fevereiro de 2020, em declarações à agência Lusa, o geógrafo, investigador e professor universitário Rio Fernandes manifestou “dúvidas” sobre a obra, considerando que o novo parque poderia gerar “carga humana” num espaço de “contexto ambientalmente sensível”.

Questões semelhantes foram levantadas pelo movimento SOS Estuário do Douro, que numa publicação na rede social Facebook acusou a Câmara de Vila Nova de Gaia de estar a “destruir” a área para criar o parque urbano de S. Paio, referindo que não deveriam ser depositadas no local “terras alheias”, nem “movimentados inertes”.

O movimento SOS Estuário do Douro ganhou protagonismo em 2016 quando a Câmara de Gaia anunciou que iria transferir para aquela zona o festival Marés Vivas, uma decisão que não chegou a concretizar-se e gerou uma manifestação e uma providência cautelar apresentada pela Quercus.

Também o Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens (FAPAS) defendeu para o local “uma abordagem mais natural e menos interventiva”, sugerindo a criação de prados com vegetação autóctone e lagos, e criticando o que considera ser um uso “excessivo de pedras e granito”.

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