Centrais a carvão paradas há quase dois meses

A REN – Redes Energéticas Nacionais revelou que, pela primeira vez em 35 anos, Portugal não produziu eletricidade a partir de carvão nas últimas semanas.

Segundo a associação ambientalista Zero, já não se queima carvão para produção de eletricidade há 52 dias seguidos em Portugal, sendo que a central de Sines está parada há mais de cem dias (desde 26 de janeiro).

“A produção de carvão, que já era muito reduzida, foi mesmo nula em abril, o que acontece pela primeira vez desde a existência das atuais centrais a carvão de Sines e Pego (desde 1985)”, explicou a gestora da rede elétrica nacional à Lusa.

Tal acontecimento conduziu a uma redução “inédita e sem precedentes” das emissões de gases com efeito de estuda no país. “Recorrendo aos dados das Redes Energéticas Nacionais relativos aos meses de março e abril de 2020 e à comparação com o período homólogo de 2019, a Zero calcula um decréscimo de emissões de quase um milhão de toneladas de dióxido de carbono, mais precisamente 960 mil toneladas (370 mil toneladas para o total de março e 590 mil toneladas para o total de abril)”, revelou a Zero em comunicado.

Nestes dois últimos meses, registou-se um aumento de 14,5 por cento de fontes renováveis na produção de eletricidade, em comparação com o período homólogo de 2019, passando de 62,6 por cento para 77,1 por cento.

Entre janeiro e abril, 69 por cento da eletricidade consumida foi produzida a partir de fontes renováveis, sendo que 35 por cento teve origem hidroelétrica, 26 por cento eólica, seis por cento biomassa e dois por cento fotovoltaica.

Segundo dados da REN, o consumo de eletricidade caiu 12 por cento em abril, comparando com o período homólogo do ano passado, segundo dados da REN, referindo ainda que é necessário recuar a agosto de 2004 para encontrar um consumo mensal tão baixo como o do mês passado.

A Zero estima que as emissões médias diárias de dióxido de carbono associadas à produção nacional de eletricidade “tenham recuado de 28 mil toneladas por dia no total dos meses de março e abril de 2019 para 12 mil toneladas por dia no total dos mesmos meses este ano”.

O Governo anunciou, em outubro passado, estar preparado para encerrar a central termoelétrica do Pego até final de 2021 e fazer cessar a produção da central de Sines em setembro de 2023.

Para a Zero, as atuais paragens das centrais do Pego e de Sines mostram que é possível a sua retirada do sistema sem pôr em causa a segurança do abastecimento de eletricidade no país, considerando, no entanto, fundamental a realização dos dois investimentos propostos pela REN, nomeadamente na construção de linhas para a região Sul, os quais já se encontram previstos no Plano de Desenvolvimento e Investimento da Rede Nacional de Transporte.

“Os investimentos para a produção de eletricidade a partir de fontes de energia renovável conseguirão assegurar uma fração progressivamente significativa da geração de eletricidade, com custos mais reduzidos para o consumidor e sem emissões diretas de gases de efeito de estufa”, lê-se em comunicado divulgado pela Zero.

Segundo a associação ambientalista, as centrais térmicas existentes de ciclo combinado a gás natural (Ribatejo, Pego, Lares e Tapada do Outeiro) têm permitido substituir o fornecimento de eletricidade das centrais a carvão, produzindo muito menos emissões de carbono.

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