Remoção de barreiras em rios da Europa aumentou em 2021

  • 20 maio 2022, sexta-feira
  • Água

A remoção de barreiras em rios da Europa teve em 2021 um aumento de 137 por cento em relação a 2020, mas Portugal registou uma “evolução muito abaixo dos restantes países europeus”, indica um relatório agora divulgado.

O relatório anual “Dam Removal Europe” mostrou que foram removidas pelo menos 239 barragens em 17 países europeus, a maior parte delas de pequena dimensão e 24 por cento superiores a dois metros.

Só Espanha, indica o documento divulgado pela Associação Natureza Portugal, em associação com a internacional “World Wide Fund for Nature” (ANP/WWF), removeu 108 estruturas em rios, incluindo uma barragem com 13 metros de altura (a estrutura mais alta removida no ano passado).

Em Portugal foi removida no ano passado “apenas uma barreira”, assinalou a associação, acrescentando: “O nosso país vizinho continua a eliminar barreiras fluviais a um ritmo cada vez maior, demonstrando mais uma vez a importância de uma lei que imponha o desmantelamento de barragens obsoletas”.

O documento refere que Montenegro e Eslováquia registaram a sua primeira remoção de sempre e na Finlândia foi removida uma barragem hidroelétrica em funcionamento.

De acordo com a ANP/WWF, há na Europa pelo menos 150 mil barreiras antigas, obsoletas e sem propósito que bloqueiam o curso livre dos rios europeus.

Só no lado português do rio Douro existem 1 201 barreiras, “das quais se estima que 25 por cento estejam abandonadas”, disse a ANP/WWF em comunicado.

Citado no documento, o diretor da “World Fish Migration Foundation”, Herman Wanningen, afirmou que a remoção de barreiras “é a ferramenta mais eficiente para restaurar os rios e as suas populações de peixes” e deve ser implementada em toda a Europa, “a começar pelas barreiras que estão fora de uso ou que já não têm qualquer função económica”.

A diretora executiva da ANP/WWF, Ângela Morgado, lamentou, citada no comunicado, que Portugal esteja “muito atrás” do resto da Europa na remoção de barreiras fluviais obsoletas, com algumas identificadas há vários anos e que ainda continuam a interromper os cursos de água.

A restituição de, pelo menos, 25 mil quilómetros de rios é assinalada como um dos elementos-chave da Estratégia da União Europeia para a Biodiversidade para 2030.

O relatório “Living Planet Índex” (Índice Planeta Vivo), um indicador do estado da biodiversidade global, gerido pela Sociedade Zoológica de Londres e pela WWF, alerta para um declínio de 93 por cento dos peixes migratórios de água doce na Europa.

O relatório “Dam Removal Europe” é apresentado num seminário que está a decorrer em Lisboa, organizado pela ANP/WWF e por outras seis organizações: “The Rivers Trust”, “The Nature Conservancy”, “The European River Network”, “Rewilding Europe”, “Wetlands Internacional” e “World Fish Migration Foundation”.

O propósito do projeto “Dam Removal Europe” é restaurar rios na Europa e evitar a extinção de peixes migratórios como a enguia, salmão, truta, peixe-gato, esturjão e centenas de outras espécies que necessitam de rios de fluxo livre para alcançar os locais de desova e cumprir os ciclos de vida.

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