A temperatura global pode demorar 20 a 80 anos a estabilizar, alerta o IPCC

As alterações climáticas estão a ocorrer em todas as regiões do planeta e por todo o sistema climático. Muitas das alterações não têm precedentes sequer em centenas de milhar de anos, e algumas das mudanças em curso, como a subida continuada do nível da água do mar, serão irreversíveis ao longo de centenas ou milhares de anos.

Estas são algumas das conclusões da primeira parte do 6º relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, divulgadas esta segunda-feira.

Ainda assim, uma redução forte e sustentada das emissões de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa pode limitar as alterações climáticas. Contudo, ainda que a adoção de medidas neste sentido tenha um efeito rápido na melhoria da qualidade do ar, ainda será necessário esperar 20 a 80 anos para que a temperatura global estabilize.

O aviso é claro: a menos que haja uma redução imediata e em larga escala da emissão de gases com efeito de estufa, limitar o aquecimento global a 1,5 ºC ou até 2 ºC será impossível.

O relatório mostra que as emissões de gases com efeito de estufa provenientes de atividades humanas foram responsáveis por aproximadamente 111 ºC de aquecimento no período entre 1850 e 1900, e revela também que ao longo dos próximos 20 anos, o aumento da temperatura global deverá alcançar ou ultrapassar 1,5 ºC. De uma forma mais concreta, este aumento global de 1,5 ºC irá manifestar-se numa maior prevalência de ondas de calor, estações quentes mais prolongadas e estações frias mais curtas. Num cenário de aumento da temperatura até aos 2ºC, o calor extremo irá alcançar a tolerância crítica para a saúde e para a agricultura.

As alterações climáticas adensam, de resto, outros fenómenos que ultrapassam o aumento da temperatura. Intensifica o ciclo da água, o que se reflete em chuvas mais frequentes e inundações numas regiões, e seca noutras. Haverá ondas de calor marinha mais frequentes, com acidificação do oceano e redução dos níveis de oxigénio, o que afeta os ecossistemas.

Em comunicado, a ZERO alerta que este será, provavelmente, o “último aviso” da comunidade científica sobre os efeitos das emissões, antes de o planeta se encaminhar para um aquecimento superior a 1,5 ºC. “Apesar de um esforço de muitos países ou grupos de países como a União Europeia, ainda não existem planos de ação que mantenham o aquecimento global abaixo dos limites supostamente seguros. Continuamos a adiar uma ação climática urgente que já era necessária desde há décadas atrás e agora estamos quase sem tempo”, avisa a ONG.

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