Entrevista a João Pedro Rodrigues

O presidente do Colégio de Engenharia do Ambiente da Ordem dos Engenheiros fala-nos da evolução (e adaptação) da profissão a um novo paradigma de sociedade, onde as Alterações Climáticas estão no centro da decisão política, e das novas competências que os engenheiros do ambiente têm vindo a seguir.

Entrevista por Cátia Vilaça | Fotografia D.R.

Até há 30 anos ou até menos, o Ambiente era uma área menor e sem grande capacidade de influenciar as decisões económicas. Hoje assistimos a uma total mudança de paradigma e não podemos equacionar políticas que não tenham em conta os desafios da transição climática. A formação e o exercício da profissão de engenheiro do ambiente foram-se adaptando a esta mudança de paradigma ou, pelo contrário, sempre estiveram na crista da onda e foi a sociedade que demorou a reconhecer a premência destes desafios?

Eu não estou tão ligado ao ensino da engenharia do ambiente, mas vou acompanhando, e como alumnus da universidade de vez em quando sou convidado a dar algumas reflexões sobre essa matéria. Naturalmente, tem havido alguma evolução. Com certeza que os temas das adaptações climáticas são hoje dados com maior foco do que eram há 20 anos. O que não significa, no entanto, que há 20 anos, quando saíamos dos bancos da faculdade, não percebêssemos já a premência desse tema.

Naturalmente que hoje o ensino da engenharia do ambiente está mais focado do que já esteve no passado nas preocupações iminentes da mitigação das emissões de gases com efeito de estufa, alterações climáticas e adaptação energética. Tudo isso é cada vez mais um aspeto que, na área do ensino da engenharia do ambiente, vem sendo foco de uma atenção especial dos curricula de cada um dos cursos mas também é verdade que houve sempre essa preocupação.

Hoje a sociedade está cada vez mais focada naquilo que os engenheiros do ambiente sabiam ou tinham como preocupação necessária. Sim, a sociedade aproximou-se mais das preocupações dos engenheiros do ambiente, e como as duas coisas caminham em conjunto, com certeza também terá havido algum foco do próprio ensino da engenharia do ambiente nestas áreas. Na prática, houve uma convergência múltipla nas duas direções.

Com exceção das áreas diretamente ligadas à gestão ambiental – as áreas tradicionais dos Resíduos, da Água, etc. - há setores de atividade onde a engenharia do ambiente não esteja presente, ou esteja de uma forma ainda algo incipiente, e que poderia beneficiar da presença destes profissionais?

Os engenheiros do ambiente têm, pela sua formação, pela sua multidisciplinaridade de temas, uma banda muito larga de tópicos a tocar. Vejo mais as outras profissões procurarem “ambientalizar” algumas das suas atividades, e de facto outros colegas da área da engenharia, noutras especialidades, com certeza também têm essas preocupações ambientais e isso é muito positivo. Contudo, um engenheiro do ambiente é o expoente máximo da preocupação de multitudes, e está certamente mais bem formado e focalizado nas várias dimensões dos problemas na área ambiental. (...)

Leia a entrevista completa na Indústria e Ambiente nº132 jan/fev 2022, dedicada ao tema 'Engenheiro do Ambiente: desafios e futuro da profissão'

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