Desenvolvidos aerogéis compósitos para criação de novas baterias sólidas

  • 29 abril 2024, segunda-feira
  • Energia

Fotografia: João Vareda | FCTUC

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu aerogéis compósitos de sílica e polímero para a criação de novas baterias sólidas.

O objetivo do projeto “Silica-Polymer Composite Aerogels As Solid Sodium Electrolytes (AeroNaLyte) – um dos vencedores da quarta edição dos Prémios Semente de Investigação Científica Interdisciplinar da Universidade de Coimbra – passou por encontrar materiais que pudessem ajudar a desenvolver uma nova geração de baterias e proporcionar avanços em relação ao aumento da segurança (mais estáveis e não inflamáveis) e de durabilidade de futuras baterias pós-lítio.

“A questão das baterias atuais é serem de lítio, um recurso finito considerado pela União Europeia como matéria-prima crítica e que está distribuído de forma muito desequilibrada pelo mundo. Alguns países beneficiam da exploração do lítio, enquanto outros estão à mercê. Portanto, existe um esforço global para diminuir esta dependência, mas também a utilização de certos materiais, como o cobalto, que é um metal cuja exploração está associada à violação dos Direitos Humanos”, esclareceu o investigador do Departamento de Engenharia Química e coordenador do projeto, João Vareda, citado em comunicado enviado à redação.

De acordo com o investigador, “as baterias de sódio podem ser a solução para a substituição do lítio, pois existe em todo o mundo e tem um preço muito acessível. Além disso, as baterias de sódio já permitiriam substituir alguns daqueles metais que são problemáticos”, assegurou.

Portanto, com o propósito de dar mais um passo para um futuro mais verde, o projeto AeroNaLyte focou-se na criação de aerogéis compósitos de sílica e polímero, usando materiais biocompatíveis e solventes verdes como eletrólitos sólidos para uma possível nova geração de baterias, bem como em testar a funcionalidade desta abordagem e a sua aplicação.

“Os resultados são muito positivos e promissores, mas é necessário trabalho futuro para concretizar o potencial desta estratégia”, lê-se no comunicado.

Os problemas de segurança das baterias de lítio atuais, devido à sua inflamabilidade, e dificuldade ou quase impossibilidade de reciclagem são outras das razões que levaram o investigador a pensar na utilização dos aerogéis nas baterias. Além disso, João Vareda não deixou de referir os problemas causados pela extração dos metais, nomeadamente no que se refere a questões ambientais e sociais.

Para o engenheiro químico, a criação desta nova geração de bateria pode “permitir a chegada de eletricidade a locais onde ainda não existe. Se calhar, não vão conseguir ter uma rede elétrica como a nossa, mas a acumulação da energia elétrica em baterias vai ser muito importante para democratizar a eletricidade a todo o mundo”, considerou.

“As baterias vão ser muito importantes”, acredita o investigador, concluindo que “estarmos a contribuir para a possibilidade de todo o mundo dispor de rede elétrica, certamente, vai ter impacto social, ambiental e económico”.

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