Premiado projeto português de descarbonização nas escolas

O projeto português ClimACT, que tem como objetivo a redução da pegada energética em escolas, foi premiado no âmbito da Sustainable Energy Week (categoria Juventude), uma iniciativa europeia dedicada à energia, que inclui conferência e eventos paralelos.

Baseado em Lisboa, o projeto mobiliza 40 escolas de Portugal, Espanha, França e Gibraltar, abrangendo 14 mil estudantes, dois mil pais e mais de mil professores.

O primeiro passo do projeto, após o seu lançamento em 2016, foi a realização de auditorias ao consumo de energia nas escolas participantes. Foi ainda criada uma plataforma que permite a comparação dos respetivos consumos. Estas comparações foram depois analisadas por peritos, que emitiram recomendações sobre possíveis mudanças.

Apoio à decisão e novos modelos de negócio

Identificados os problemas, o ClimACT, que beneficia de financiamento ao abrigo do programa Interreg Sudoe e está orçado em 1,3 milhões de euros, montou uma plataforma que permite às escolas aceder a modelos de negócio e estratégias inovadoras para auxiliar nos custos das mudanças estruturais. Um exemplo deste processo é associar as escolas a empresas dispostas a suportar os custos relativos a isolamentos e permitir-lhes o reembolso das verbas através da poupança de energia ao longo do tempo.

Em paralelo, foi criada uma plataforma educativa, que inclui cursos de e-learning para professores e jogos e atividades que os professores podem usar nas aulas. Nas atividades abordam-se tópicos como alterações climáticas, consumo de água, gestão de resíduos, aprovisionamento ecológico e mobilidade. O conteúdo é adaptado às necessidades dos estudantes e concebido para ser facilmente integrado nos currículos escolares. De acordo com Marta Almeida, coordenadora do ClimACT e investigadora no Instituto Superior Técnico, esta abordagem não vai significar mais trabalho para os professores, uma vez que o objetivo é precisamente integrá-la nos currículos e não transformá-la num extra.

Fora de portas

O projeto está a extrapolar os limites da sala de aula para promover as escolas como comunidades. Os estudantes, pais e docentes são incentivados a partilhar as suas ideias na comunidade e a montar redes, os Comités de Baixo Carbono, formados por estudantes, pais, pessoal das escolas e representantes locais. Estes Comités definem metas, fazem planos e identificam formas de as escolas poderem melhorar o seu desempenho energético. Outro grupo constituído por estudantes e professores, designado Brigada de Baixo Carbono, é responsável pela implementação das iniciativas.

Os Comités e a Brigada têm como objetivo ajudar os estudantes a perceber as suas faturas de energia e os seus consumos de energia e água, apresentando as formas possíveis de deslocação até à escola.

A expectativa da equipa de projeto é que este entendimento seja um dos seus principais legados. "Uma conquista muito importante é dar competências e conhecimentos aos estudantes e professores, para continuarem após o final do projeto," afirma Marta Almeida.

O trabalho do projeto também está a chegar a comunidades locais, com os estudantes no papel de embaixadores, divulgando aos pais e a outros adultos as medidas tomadas pela escola e o que esta pode fazer para poupar energia. Este tipo de ação de sensibilização é um dos principais objetivos do projeto.

Sustentabilidade urbana e autonomia energética entre premiados

Foram ainda atribuídos prémios em mais três categorias. Na categoria Envolvimento, o prémio foi para o projeto Bardzour (esperança em crioulo), na Ilha da Reunião, em França. O projeto combina produção de energia através de painéis solares com o desenvolvimento de um projeto agrícola que tira partido desses painéis. O projeto funciona a partir de uma prisão local, cumprindo também um objetivo de reinserção social. O armazenamento de energia é aqui o aspeto chave, que desempenha um importante papel no contexto mais isolado de uma ilha. Os responsáveis realçam também o potencial de replicabilidade a outras ilhas.

Também em França, e na categoria Inovação, o distinguido foi o projeto Transition Zero: Create a Mass Market for Net Zero Energy Buildings Retrofitting. A ideia é autonomizar habitações existentes do ponto de vista das necessidades energéticas, remodelando-as de modo a prepará-las para essa autonomia.

Em Espanha, o projeto de sustentabilidade de Avià, uma localidade perto dos Pirenéus, recebeu a distinção na categoria “Liderança”. A ideia passa por investir as poupanças públicas nos cidadãos, de modo a capacitá-los para reduzir as emissões e poupar dinheiro que pode ser reinvestido na comunidade. O município financia melhorias nas casas das pessoas, ao nível da produção de eletricidade ou do isolamento, e reduz também impostos sobre veículos elétricos, além de ter instalado pontos de carregamento.

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