Combustão residencial de biomassa e poluição atmosférica
- 10 janeiro 2017, terça-feira
- Energia
De modo a encorajar a transição para um sistema energético mais seguro, económico e descarbonizado, a União Europeia adotou metas para 2020 e 2030, conjuntamente com um objetivo de longo prazo de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 80 a 95 por cento abaixo dos níveis de 1990 até 2050.
Ir de encontro a estes objetivos implica adotar fontes de energia de baixo carbono e moderar a procura, através de melhorias na eficiência do uso dos recursos e de mudanças no estilo de vida.
As fontes de energia renovável contribuem, naturalmente, em grande medida, para esta transição. A biomassa cobre mais necessidades energéticas do que qualquer outra fonte, e uma importante fatia é usada diretamente em aquecimento. Além de encararem a biomassa como uma fonte de energia "amiga do ambiente", muitos cidadãos europeus têm recorrido mais ao seu uso desde a crise económica que assolou a Europa.
A biomassa encerra potenciais vantagens do ponto de vista climático se for cultivada e usada de forma sustentável. No entanto, nem sempre as políticas climáticas andam a par e passo com as políticas de qualidade do ar, alerta a Agência Europeia do Ambiente no seu relatório sobre a qualidade do ar de 2016. O uso de biomassa como combustível residencial gera emissões de poluentes que podem causar efeitos adversos na saúde humana. Os principais poluentes emitidos no processo de combustão de madeira e carvão em residências são partículas finas (PM2.5) e Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos, como o benzopireno. As partículas podem ser emitidas diretamente das caldeiras ou podem ser formadas no ar de exaustão e na atmosfera depois das emissões. As partículas podem, inclusivamente, sofrer transformações que resultem em poluentes com maior toxicidade.
O benzopireno é um agente carcinogénico conhecido, e os efeitos das PM2,5 já foram exaustivamente descritos pela Organização Mundial de Saúde. Estudos epidemiológicos demonstraram que os poluentes originados pela combustão da madeira e do carvão aumentam significativamente o risco de contração de doenças respiratórias, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica e doenças cardiovasculares. Na Europa, em 2010, foram atribuídas às PM2,5 originadas pelo aquecimento doméstico 61 mil mortes prematuras.
Desce o consumo de carvão mas aumenta o de biomassa
O consumo de carvão para aquecimento doméstico sofreu um forte declínio nos 28 entre 1990 e 2002, quando estabilizou. Em contrapartida, o recurso à biomassa aumentou. Em países como a Croácia, Grécia, Hungria e Espanha uma mudança nos hábitos de consumo levou a uma diminuição do uso da biomassa desde 1990, contraposta por novo aumento em 2005. Isto pode dever-se à recessão económica mas também à perceção pré-recessão de que a biomassa era uma fonte de energia ecológica.
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