Qual a viabilidade económica de reciclar fósforo?

O estudo Technologies and logistics for phosphorus recovery from livestock waste. Clean Technologies and Environmental Policy, publicado em 2018 e divulgado pela Comissão Europeia, explora a forma de equilibrar custos e benefícios das tecnologias de extração de fósforo a partir dos resíduos do gado para reutilizar como fertilizante. Não sendo os resultados taxativos, permitem ter uma noção mais aprofundada dos processos envolvidos e dos investimentos necessários à rentabilidade.

O fósforo é um componente essencial na fertilização e alimentação, mas as reservas são limitadas e há muito desperdício. O atual uso do fósforo é ineficiente em muitas fases do seu ciclo de vida, e o excesso pode causar problemas de poluição da água. Na agricultura industrial, o fósforo proveniente do estrume é desperdiçado e vai parar à água, provocando problemas de eutrofização e tornando-se, por conseguinte, prejudicial à vida aquática e à saúde humana.

As tecnologias em estudo podem mitigar a eutrofização através da extração do fósforo do estrume. Desta forma, poderá ser possível criar um ciclo fechado para a circulação do fósforo, e contribuir para uma produção alimentar mais sustentável. Ainda assim, os autores do estudo advertem que mesmo que a tecnologia seja barata e benéfica em termos ambientais, pode não ser sustentável do ponto de vista económico por não gerar receita suficiente.

Este estudo tem o objetivo de ajudar os decisores a aferir custos e benefícios da recuperação de nutrientes. São avaliadas diferentes fases da cadeia de abastecimento para este tipo de recuperação de fósforo, incluindo transporte, técnicas de extração e revenda. Os investigadores aplicaram a metodologia ao fósforo recuperado das 100 explorações mais intensivas de produtos lácteos do estado do Wisconsin, nos EUA. Cada uma produz 18 a 100 toneladas diárias de estrume. O estudo não pretende dar respostas definitivas, mas antes ser um instrumento de auxílio aos decisores na análise da complexidade económica inerente à recuperação de nutrientes.

No caso de Wisconsin, os investigadores verificaram que o transporte do estrume abate significativamente no custo da remediação dos cursos de água. Por exemplo, um orçamento anual de transporte de 12,08 milhões de euros abate 68,02 milhões no custo de remediação, mas um gasto superior não traz mais benefícios à qualidade da água. Este é um exemplo de uma opção que ajuda a reduzir custos mas não traz receita. Por outro lado, também é necessário ter em conta que o transporte produz emissões. É necessário, por isso, avaliar as diferentes variáveis: um investimento pequeno não permite a instalação de tecnologia significativa, mas um investimento mais avultado já o permite e dispensa transporte.

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