Projeto pioneiro de compostagem comunitária em Fornos de Algodres

Fotografia: Zero

A aldeia de Muxagata, no concelho de Fornos de Algodres, está a desenvolver um projeto pioneiro de compostagem comunitária acompanhada pela associação Zero.

O projeto Muxagata Aldeia Sustentável, em curso desde o início do mês de outubro, nasceu da “abordagem zero resíduos, de compostagem comunitária e de recolha porta-a-porta de resíduos, uma iniciativa única do género”, lê-se no comunicado divulgado pela Zero.

Com esta iniciativa, promovida pela Câmara Municipal de Fornos de Algodres, no distrito da Guarda, a freguesia de Muxagata passa a ter “um sistema de recolha porta-a-porta que encaminhará os biorresíduos para tratamento numa ilha de compostagem comunitária”.

A gestão deste serviço é assegurada por uma equipa municipal que monitoriza o projeto, que é acompanhado pela Zero, financiado pela GAIA – Global Alliance for Incinerator Alternatives e supervisionado pela Zero Waste Europe, refere o comunicado.

A recolha porta a porta dos recicláveis, como o vidro, papel e cartão e plástico/metais, é feita mediante a utilização de sacos com as cores verde, azul e amarelo. Já os biorresíduos, como restos de comida das cozinhas e dos jardins, são depositados num contentor de cinco litros.

“Os sacos e os baldes foram distribuídos à população durante uma primeira campanha de sensibilização, em que cada alojamento ficou com um conjunto de sacos e o pequeno contentor, sendo que este último ficou identificado com uma referência numérica que identifica o produtor dos resíduos, permitindo posteriormente bonificar aqueles que separam adequadamente os biorresíduos”, explicou a Zero.

A recolha dos resíduos é assegurada por uma equipa municipal, com o apoio da Junta de Freguesia, que acontece três vezes por semana.

Com este sistema, “os cidadãos da Muxagata podem separar facilmente os resíduos nas suas casas e só terão de colocar os sacos dos recicláveis e o pequeno contentor dos biorresíduos à porta de casa nos dias da recolha”, adiantou a associação.

A Zero revelou ainda que está já a funcionar uma unidade de compostagem comunitária instalada na freguesia que permitirá tratar a totalidade dos biorresíduos separados pela população.

O objetivo é disponibilizar o composto resultante do processo de compostagem à população para utilização em jardins e hortas, ou possa ser encaminhado para a gestão dos espaços verdes municipais.

A associação salientou que “o aspeto mais importante” deste novo sistema é que a gestão dos biorresíduos passa a ser efetuada numa ótica de proximidade.

“Não havia qualquer recolha de biorresíduos e estes eram recolhidos, misturados nos resíduos indiferenciados, e transportados até às instalações da RESISTRELA”, localizadas a cem quilómetros de distância.

Uma vez nas instalações de tratamento mecânico e biológico, “passam a existir ganhos ambientais e poupanças muito significativas para o Município de Fornos de Algodres, para além de existiram mais garantias de que o composto produzido possui a qualidade adequada para utilizar nos solos sem haver risco de contaminação”, concluiu a Zero.

Benefícios de uma combinação de recolha e tratamento de proximidade

Os biorresíduos representam cerca 30 a 40 por cento do total dos resíduos urbanos e até o momento esta fração, por não haver separação, encontra-se misturada nos resíduos. Assim, e uma vez separada, esta que é a maior fração existente nos resíduos urbanos. Havendo garantias que é efetuado o seu tratamento na origem, a Zero estima que:

  • Até 25 toneladas de resíduos orgânicos produzidos na Muxagata deixarão de ser transportadas a cem quilómetros de distância, reduzindo substancialmente o consumo de combustível dos camiões e as emissões de CO2 e outros poluentes para a atmosfera;
  • Os cidadãos poderão comprovar que os seus resíduos têm efetivamente uma nova vida, contribuindo para uma maior consciência ambiental;
  • Será incrementada a recolha dos outros resíduos recicláveis, nomeadamente as embalagens de vidro, papel e cartão, plástico/metais em resultado de ter gerado maior proximidade e acessibilidade ao sistema;
  • Os restantes resíduos sujeitos a triagem nas instalações da RESIESTRELA terão um teor mais baixo de impróprios, melhorando o desempenho global do processo de reciclagem multimaterial e aumentando o valor comercial dos materiais separados, com a vantagem adicional de que haverá menor a deposição em aterro.

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