Estudo avalia impactos da poluição luminosa na biodiversidade

As ilhas da Madeira, Açores e Canárias vão estudar os impactos da poluição luminosa na biodiversidade, com o objetivo de mitigá-la, através do projeto LIFE Natura@night.

Na apresentação pública do projeto, que decorreu no Museu da Eletricidade da Madeira, no Funchal, a coordenadora do LIFE Natura@night, Cátia Gouveia, destacou como um dos principais objetivos “travar a perda de biodiversidade”.

Para isso, será feito um mapeamento da poluição luminosa, o estudo dos seus verdadeiros impactos na biodiversidade, alguns testes em barcos de pesca, assim como outras ações piloto, adiantou Cátia Gouveia.

O projeto pretende também contribuir para a regulamentação da iluminação.

“Durante muitos anos, achou-se que cidades muito iluminadas eram cidades muito mais desenvolvidas. Agora, olhamos para o passado e vemos que talvez algumas das infraestruturas que foram criadas poderiam ter sido feitas de uma forma mais responsável e evitávamos os problemas que temos hoje em dia”, afirmou.

A responsável indicou que, nas três ilhas que compõem a Macaronésia há dez espécies de aves, 170 de insetos e 90 de morcegos, salientando que é estimado que “todos os anos morram 1 100 aves”.

“Principalmente a costa sul, quer nos Açores, quer na Madeira, quer em Canárias são áreas com excesso de iluminação, que está a ser paga, que está a ser desperdiçada e que está a ter um impacto bastante negativo num conjunto muito alargado de espécies”, sustentou.

A coordenadora do projeto acrescentou ainda que, além do impacto na biodiversidade, a poluição luminosa das cidades tem um impacto económico de 30 euros por pessoa por ano.

“Cerca de 50 por cento da luz paga é poluição luminosa”, apontou, indicando que todos os anos estão a ser desperdiçados cerca de 92 milhões de euros em eletricidade.

Cátia Gouveia referiu, igualmente, o impacto na saúde das pessoas, dando como exemplos o aumento do risco de obesidade, ‘stress’ ou distúrbios do sono.

“Não queremos que as cidades fiquem às escuras. Queremos que elas fiquem iluminadas de uma forma eficaz, em que o investimento em iluminação seja efetivamente para iluminar as nossas ruas […] e sem impactos negativos na biodiversidade e sem desperdício económico”, afirmou.

O projeto LIFE Natura@night, promovido pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, abrange 27 áreas protegidas, num total de 150 mil hectares.

Conta com um orçamento global de 3,2 milhões de euros, dos quais 60 por cento são financiados pelo fundo europeu LIFE.

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