Equipa quer criar sistema de recolha seletiva de beatas de cigarro

Uma equipa portuguesa desenvolveu uma caixa porta maços de tabaco que permite armazenar beatas e visa, através de coletores distribuídos em diversos pontos de venda, criar o “primeiro sistema de recolha seletiva de beatas”.

“Queremos criar o primeiro sistema de recolha seletiva de beatas”, afirmou a fundadora do projeto “Beat the Butt”, Carla Portela, que representará Portugal na final europeia do ClimateLaunchpad (competição de ideias de negócio amigas do ambiente).

À agência Lusa, Carla Portela, da Universidade NOVA de Lisboa, esclareceu que o projeto não pretende ser apenas uma “caixinha”, mas “uma estratégia completa” e pretende incentivar os fumadores a descartarem as beatas de cigarros “no sítio correto”, ao invés dos caixotes de lixo ou no chão.

A caixa, que tem “praticamente” o tamanho do maço de tabaco, é feita de plástico reciclado e é rígida, o que “assegura que não há libertação de cheiros” no cinzeiro onde podem ser armazenadas até, pelo menos, 20 beatas.

No último ano, a equipa fez três validações junto dos consumidores, estando neste momento a otimizar a caixa com o intuito de “até ao final deste ano” poder comercializar o produto.

Quanto aos coletores, a equipa pretende que estes venham a ser distribuídos pelos diversos pontos de venda de tabaco, como em bombas de gasolina e quiosques. Será nestes coletores que os fumadores poderão depositar as beatas armazenadas na pequena caixa.

“Idealmente o que queremos é que os fumadores recebam pontos por fazer o correto e tentar fazer isso de forma automática através de uma aplicação, na qual as pessoas recebem os pontos e nós sabemos qual o volume de enchimento dos coletores espalhados”, esclareceu Carla Portela.

O intuito é que as beatas sejam recolhidas dos coletores “quando necessário” e, posteriormente, possam dar “origem a novos produtos”.

“Existe documentação na literatura que indica que alguns cogumelos são capazes de degradar a celulose e o acetato de celulose. No fundo, comem as beatas para se alimentarem, uma vez que são feitas de papel e o filtro é feito de acetato de celulose. A verificar-se que é verdade, podíamos ter uma biomassa como matéria-prima para enriquecer composto. Aí fecharíamos o ciclo”, exemplificou a responsável.

Carla Portela lembrou ainda que, atualmente, as beatas são maioritariamente tratadas como resíduos indiferenciados e acabam por ir parar aos aterros.

Neste momento, a equipa já reuniu com várias entidades do setor que “mostraram interesse na solução” e em se associar a “iniciativas de limpeza do ambiente”.

Outro dos objetivos da equipa passa por “chegar às massas”, através, por exemplo, de festivais de música, mercado que também “demonstrou interesse” e onde pretendem “apostar”.

O “Beat the Butt” foi um dos três projetos vencedores da Final Nacional do ClimateLaunchpad, que foi organizada pela UPTEC – Parque da Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, e vai, a 27 de outubro, representar Portugal na final europeia da iniciativa, que visa apoiar ideias de negócio que reduzam o impacto negativo no ambiente.

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