Entrevista a Urs Von Gunten

  • 28 fevereiro 2021, domingo
  • Água

Referência internacional em controlo de contaminantes de interesse emergente, o professor e investigador Urs Von Gunten apresenta-nos algumas linhas de ação para lidar com o problema, no campo tecnológico e regulatório, e partilha a experiência suíça nesta matéria.

Entrevista por Cátia Vilaça e Maria João Rosa

Urs Von Gunten colabora com o Eawag – Instituto Federal Suíço de Ciência e Tecnologia da Água e é professor na Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL). É um especialista internacionalmente reconhecido em processos de oxidação e inativação de microrganismos. Além da atividade académica, tem colaborado com o setor da Água, tendo liderado os projetos transdisciplinares “Abastecimento de água para o século XXI”, entre 2004 e 2008 e “Abastecimento Regional de Água para o cantão de Basileia”.

Muitos dos contaminantes de interesse emergente fazem parte do consumo humano há muito tempo. Por que razão a regulação tem tardado tanto?

Comparativamente com o passado, quando a descarga industrial era a principal fonte de contaminantes, hoje, muitos dos contaminantes de interesse emergente entram no ambiente através de produtos dos consumidores ou de aplicações diretas. Os contaminantes emergentes estão presentes em muitas formulações e os que trabalham em química ambiental estão um passo atrás dos desenvolvimentos industriais na análise desses compostos e seus produtos de degradação no ambiente. Assim que estes compostos são detetados no ambiente e até que a avaliação toxicológica esteja pronta para regulação, o processo pode demorar anos ou décadas. Um bom exemplo é o fungicida clorotalonil, que tem sido usado na agricultura na Suíça desde a década de 1970. Apenas recentemente, graças a ferramentas analíticas modernas, um novo metabolito deste composto foi detetado em muitas massas de águas subterrâneas na Suíça. Tendo o metabolito sido avaliado como toxicologicamente relevante, estes resultados têm consequências significativas para muitos sistemas de abastecimento de água na Suíça.

Qual a melhor (e mais rápida) forma de tentar resolver o problema? Trabalhar com os fabricantes, agricultores e consumidores no sentido de promover práticas mais responsáveis ou desenvolver tratamentos de fim de linha para ETAR?

Naturalmente, o controlo na origem é a melhor e mais ponderosa forma de mitigar estes problemas. No entanto, há vários obstáculos, como a produção industrial e os segredos de aplicação, ou a pressão sobre os agricultores para aumentar a produtividade. A forte mobilização dos consumidores em torno da produção orgânica tem sido um bom exemplo no caminho para a mudança de práticas agrícolas. A pressão para ir de encontro ao problema das alterações climáticas irá, em parte, contribuir para resolver também este problema. É mais fácil alcançar consenso na sociedade para desenvolver soluções de fim de linha, como por exemplo tratamento avançado de efluentes secundários, porque estas soluções não requerem uma mudança no comportamento do consumidor (“poluímos e alguém irá limpar depois”). Pode ser uma estratégia de mitigação de curto prazo, mas não é uma solução sustentável, dado que apenas abrange uma parte dos contaminantes de interesse emergente libertados no ambiente.

A tecnologia e a regulação na área dos contaminantes de interesse emergente variam de país para país. Qual é o estado-da-arte nesta matéria na Europa? O que podemos aprender com a Suíça?

A regulação dos contaminantes de interesse emergente na Europa é relativamente lenta, uma vez que requer um consenso de vários países com diferentes culturas e níveis económicos. (...)

Leia a entrevista completa na Indústria e Ambiente nº126 jav/fev 2021 

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