Associação Eletrão diz que cabos descartados dariam 107 voltas à Terra

Foto Frames For Your Heart/Unsplash

As 950 mil toneladas de cabos descartados no último ano em todo o mundo chegariam para dar 107 voltas ao planeta, nas contas da associação Electrão, que considerou urgente promover a reciclagem de equipamentos elétricos.

“Estes cabos contêm cobre, material crítico na Europa, numa altura em que se prevê que a procura deste elemento aumente seis vezes até 2030, para satisfazer as necessidades de setores estratégicos como as energias renováveis, a indústria, comunicações e defesa”, afirmou a associação em comunicado divulgado.

Os cabos são um dos tipos de equipamentos “invisíveis”, a temática que serviu de mote à sexta edição do Dia Internacional dos Resíduos Elétricos, celebrado no passado 14 de outubro.

Os designados equipamentos elétricos invisíveis são aparelhos de pequena dimensão que funcionam com baterias, fichas ou cabos, mas que dada a pequena dimensão são frequentemente desvalorizados e incorretamente depositados no lixo.

“Isto acontece também com comandos, carregadores, auscultadores, pen usb, cartões de memória, cartões Multibanco, lâmpadas, escovas de dentes elétricas, relógios, entre outros objetos”, referiu a associação, exemplificando que mais de 7,3 mil milhões de brinquedos elétricos – como automóveis, comboios, objetos musicais, bonecos e drones – foram transformados em resíduos, no ano passado, o equivalente, em média, a um brinquedo por cada pessoa em todo o mundo.

“As pessoas têm dificuldade em identificar estes pequenos equipamentos como aparelhos elétricos e guardam-nos no fundo das gavetas ou colocam-nos no lixo indiferenciado, o que significa que acabam muitas vezes depositados em aterro ou incinerados, contribuindo para o aumento das emissões. Se estes equipamentos forem reciclados, é possível reaproveitar os materiais reintegrando-os na economia e evitando a extração de novas matérias-primas”, sublinhou o diretor-geral do Electrão, Ricardo Furtado, citado no comunicado.

Apesar de não estarem visíveis, os cabos contêm matérias-primas críticas, consideradas cruciais para a transição digital e ecológica, servindo para a produção de novos equipamentos elétricos.

“A correta reciclagem dos equipamentos invisíveis permitiria a recuperação anual de matérias-primas críticas na ordem dos dez milhões de euros”, lê-se no documento.

Os equipamentos elétricos são os resíduos que registam o maior crescimento a nível mundial. Além das matérias-primas críticas contêm várias substâncias perigosas, como o chumbo, o mercúrio, o cádmio e os retardadores de chama, que podem contaminar o solo e as fontes de água, poluindo os ecossistemas e colocando em risco a saúde humana.

O ritmo da produção destes resíduos continua a crescer “de forma alarmante” e os dados sobre o descarte incorreto são “cada vez mais preocupantes”, defendeu a associação.

De acordo com as Nações Unidas, só este ano serão gerados oito quilos de resíduos de equipamentos elétricos por pessoa, a nível global, o que significará um total de 61,3 milhões de toneladas.

Na Europa, 55 por cento dos resíduos elétricos são oficialmente recolhidos, mas, segundo dados das Nações Unidas, noutras partes do mundo as taxas de reciclagem rondam apenas os 17 por cento.

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